segunda-feira, 3 de março de 2014

Pássaros Feridos I

Eu já esperava bastante deste livro, mas tem sido uma surpresa avassaladora. A Colleen McCullough entrou para o meu mapa de estrelas literárias e já tenho as ideias fixas em O Toque de Midas. Vejamos se consigo chegar-lhe.
Pássaros Feridos tem mais de 600 páginas e é contemplado com um título que lhe assenta como uma luva. Todas as personagens tem a graciosidade de um tentilhão e carrega um peso bem maior. Alguns segredos já foram sendo revelados, e outros estão ainda por vir.
Não querendo fazer um resumo do livro, porque isto de partilhar opiniões não é um encarnar de “Os Apontamentos do Senhor Américo”, vou destacar algumas das maravilhas contidas no livro.
A Austrália, como personagem maior. Por fim entendo o que significa a expressão “os australianos estão demasiado ocupados em evitar que a natureza os mate para…”. Um calor abrasador (que ascende a 48º no inverno - sim, é hemisfério sul) e uma época de secas em que o frio é tão intenso que custa lavarem-se, despirem-se, deitarem-se numa cama de lençóis perceptivelmente molhados. As cobras, as aranhas, os javalis, as emas, tantas outras exoticidades que transformam a paisagem australiana, descrita no livro, num paraíso de actividade. As cheias, as secas, a difícil adaptação ao clima e às distâncias impossivelmente longas.
As personagens são outro tesouro do livro. A Maggie é fácil de ler, embora também tenha um carácter vincado, mas são sobretudo o seu irmão Frank, a tia Mary Carson e o Ralph (o padre por quem é apaixonada) que me cativam a cada virar de página.
Um livro que espelha bem o peso das obrigações, da vergonha, das escolhas. Rebate as invejas, as vaidades, a fé e a descrença com uma mão tão hábil que é certo que esta será uma daquelas obras que perdurarão comigo para sempre.

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