terça-feira, 22 de janeiro de 2019

#207 STEINBECK, John, A Um Deus Desconhecido


Sinopse: As antigas crenças pagãs, as grandes epopeias gregas e os relatos da Bíblia servem de base a este romance extraordinário, que Steinbeck demorou cinco longos anos a escrever. Ao dar cumprimento àquele que sempre fora um dos grandes desejos do pai, criar uma quinta próspera na Califórnia, Joseph Wayne acaba por vir a acreditar que uma das mais belas árvores dessa quinta incorporou o espírito do seu progenitor. Os irmãos e respectivas famílias, que foram viver com ele, beneficiam dos êxitos e da prosperidade de Joseph, e a quinta vai-se de facto desenvolvendo – até um dos irmãos, assustado pelas suas crenças pagãs, decidir cortar a árvore, o que faz com que a doença e a fome se abatam de súbito sobre todos eles. A um Deus Desconhecido (1933) é um romance quase místico, que tem por tema central o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza, e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente. 

Opinião: "A Um Deus Desconhecido" é a minha estreia com Steinbeck. Tinha uma edição antiga de As Vinhas da Ira, mas lembro-me de começar a ler e de ficar perdida em tanta descrição. A descrição é, precisamente, aquilo que me prendeu de modo tão eficaz a este livro. O título é delicioso, e o livro dança em redor da sua simbologia com uma graciosidade admirável. 

O enredo é relativamente simples: estão a dar terras na costa Este e Joseph Wayne, que sempre sonhou em possuir algo de seu, despede-se do pai, quase um moribundo, e parte. Contudo o livro está prenhe de emotividade, de intuição e de superstição, e creio que a personagem principal não se perdoa por ter partido de modo tão impaciente, quando o seu modelo, o pai, lhe garante que pouco falta para morrer, e que então poderia acompanhá-lo em espírito até ao seu novo lar. 
O novo território é quase selvagem, e Steinbeck descreve-o de modo a que nos chega aos sentidos o perfume dos loureiros, da terra húmida, do pêlo das vacas e dos cavalos, enquanto a audição acompanha os cascos das bestas em trote, os cursos de água em confronto com as pedras, o uivo dos coiotes, a porta do celeiro que range. Em termos de cenário, o livro é a quatro dimensões.

Surpreendeu-me também a profunda humanidade em cada reacção destas pessoas, porque, em breve, ao dar notícias da sua prosperidade aos irmãos, Burton e a esposa, Jennie, e Thomas e a respectiva, Rama, juntam-se-lhes com a sua horda de filhos. Joseph é o que nos oferece mais camadas, é uma mescla de aceitação, entusiasmo, desalento, espiritualidade e depois desalento. Tudo de modo homogéneo, apesar de q sua vida estar ligada à da sua terra, aceita com facilidade as crenças dos outros e entende-as. Ao contrário dos que o rodeiam, que se melindram com os diferentes. 
Joseph ama e respeita a terra, comprometendo-se a protegê-la de qualquer ameaça - que, para o efeito, são os anos de seca cíclicos, narrados com dissabor pelos homens da população local, Nuestra Señora. Andam por ali índios, portugueses e mexicanos. Os primeiros têm crenças ligadas aos ritos da terra: sacrifícios, danças e oferendas, clareiras sagradas onde grandes rochedos cobertos de musgo convidam as grávidas à reflexão. Os segundos e os terceiros são profundamente católicos, e devem ao Padre Ângelo a sua salvação espiritual. O clã Wayne é protestante, pelo que Burton, o mais religioso dos irmãos, se sente desenraizado naquela terra, que desde o início lhe parece herege e devota ao demónio. Por outro lado, Thomas, mais rude, tem uma relação única com os animais. Respeita-os, domestica-os, inflinge-lhes a dor e a morte como se a sua alma fosse uma só com a deles. Não é tão reflexivo quanto Joseph, mas é igualmente introspectivo e de valores profundos. É o irmão cuja religiosidade é conservadora, mas a mente alcança um pouco além das escrituras. 

E depois Joseph, que, no ímpeto de se ver feliz e perante uma tal promessa de prosperidade, olha em redor e vê os animais a reproduzirem-se, a natureza em êxtase, o sol e as chuvas em harmonia, e convence-se que tanta bonança advém da bênção do seu pai, cujo espírito estaria presente nos ramos de um velho carvalho. Junto do carvalho busca conselho, regressando sempre que necessita de partilhar algo que, aos outros, poderia soar ridículo. Entende-se assim como a espiritualidade é algo de íntimo, e que se a sua vantagem é a de nos fazer sentir bem com o mundo, então os seus ritos não devem ser impostos a quem nos rodeia. Entende-se também quão destabilizador é, que alguém nos rache as crenças ao meio, só porque lhe parece desenxabidas. Joseph, de bem consigo mesmo, acaba inclusive por permitir que se celebre uma festa em honra da fertilidade do local, para a qual convida o padre Ângelo, que celebra missa e traz as imagens de Nossa Senhora e de Cristo para o altar improvisado. Isto transtorna o seu irmão Burton, que profetiza que toda aquela idolatria e paganismo acabarão por levá-los à desgraça. Na minha óptica, Burton tem receio. Crê num Deus vingativo e colérico, pouco tolerante, e sente que o irmão está a expô-los a todos a um castigo imerecido.

A morte de um humano é um processo longo e demorado. Matamos uma vaca, e a mesma está morta assim que a carne seja comida, mas a vida de um homem morre como uma comoção numa poça tranquila, em pequenas ondas, expandindo-se e regressando à imobilidade. 

A beleza da narrativa consiste nas descrições pueris da natureza, e de como a mesma ora é simples, ora é incompreensível. Mas reside, sobretudo, no modo como o universo significa coisas tão diferentes para cada personagem, e cada um é devoto àquilo que o tranquiliza, sendo que Joseph precisa da árvore para se sentir seguro, Thomas dos animais e Burton das escrituras e dos acampamentos religiosos. Há ainda quem precisa de se cobrir de peles de animais para ir festejar as chuvas, e se rebole na lama para o mesmo efeito. E depois há quem sinta que deve sacrificar a cada pôr do sol uma criatura diferente, para que na sua terra se multipliquem as sementes e a humidade a mantenha fértil. Deus é algo diferente para cada um deles, e a incompreensão por parte dos outros lança sombras sobre a existência de cada um. 

A ideia geral - e que corroboro - é que Deus é uma entidade pessoal para cada um de nós, e podemos encontrá-lo naquilo que nos traz conforto e paz, sem que exista uma explicação lógica. Um belo tratado sobre tolerância religiosa, numa altura em que o diferente voltou a significar ameaça. Se formos capazes de reconhecer a intimidade premente entre cada um e o universo, talvez o bem-estar espiritual chegue a todos.
Um elogio ainda ao evidente carácter intemporal do livro, escrito em 1933 e tão contemporâneo, bem como à feminilidade que brota desta natureza em esplendor, e à ternura e entendimento entre os homens de Steinbeck e a mulher amada. 
Mal posso esperar por voltar a ler o autor.

Classificação: 5/5*****

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

#206 CAMUS, Albert, O Estrangeiro

Sinopse: Meursault recebe um telegrama: a mãe morreu. De regresso a casa após o funeral, enceta amizade com um vizinho de práticas duvidosas, reencontra uma antiga colega de trabalho com quem se envolve, vai à praia - até que ocorre um homicídio. Romance estranho, desconcertante sob uma aparente singeleza estilística, em O Estrangeiro joga-se o destino de um homem perante o absurdo e questiona-se o sentido da existência. Publicado originalmente em 1942, este primeiro romance de Albert Camus foi traduzido em mais de quarenta línguas e adaptado para o cinema por Luchino Visconti em 1967, sendo indubitavelmente uma das obras-primas da literatura francesa do século XX.

Opinião: 
Um artigo do Expresso, de 2013, anunciava que O Estrangeiro tinha vendido oito milhões de cópias, e que estava traduzido em 40 línguas.

Não me é frequente, na literatura, precisar do estímulo do contexto para melhor perceber um livro, mas foi o caso com este. Um livro que precisa desse tipo de auxílio nunca me chega tão a fundo quanto um livro que me consegue cativar sem qualquer nota de rodapé. Acabo por sentir alguma admiração pelos livros que necessitam de contextualização - quando bem conseguidos, como é o caso-, mas acompanhada de um distanciamento que não dá para ultrapassar.

Custou-me a sentir qualquer tipo de empatia pela personagem central do livro, este Meursault. Passei o livro todo à procura de uma lógica para estas páginas. Foi ao terminar a leitura, ao reflectir sobre o ano da sua publicação- 1942 -, e ao dedicar-me a alguma leitura a respeito do autor e da época que julgo, agora, ser capaz de entender L'Étranger um bocadinho melhor.

Assumindo que não há qualquer sentido, qualquer ideal em causa, ao longo destas 85 páginas, tudo me parece mais claro. Uma vez mais, cruzo-me com o conceito de niilismo, em que nunca me tinha detido até agora. 

Neste romance, Camus narra uma série de acontecimentos, diria até que algo banais (daí que me tenha sentido aborrecida durante 75% da leitura), e imprime-os no dia-a-dia de um homem indiferente, que passa pela vida sem a analisar, sem lhe buscar um sentido, um propósito. 

Meursault passa pela vida sem lhe extrair nenhum significado superior, vivendo de momentos que, tantas vezes, são forjados por terceiros. Não se permite qualquer reflexão profunda, não disserta a respeito da vida, da morte, do amor, etc. Parece mais próximo da natureza do que da sociedade, como se esta pouco o afectasse, como se andasse pela rua sem se deixar tocar pela vivência dos outros, e como se analisasse os episódios do seu quotidiano a uma luz desprovida de expectativas sociais. Quando questionado, responde de acordo com os seus sentimentos - também eles algo superficiais, porque despidos da análise que lhes dá complexidade -, arriscando-se a ser mal-entendido.
Meursault acabou por me parecer um alienado, por vezes procurava-lhe uma patologia, convencida de que ele não sentia, mas, entretanto, dei-me conta de que, neste texto na primeira pessoa, ele chega a falar de felicidade, de satisfação, e entendi que Camus criou apenas uma personagem diferente, que não tem necessidade de se iludir ou de procurar um sentido para a existência por via da religião ou de outros misticismos tais. É o rosto daquilo que seríamos se o nosso lado espiritual - e acredito que nos é "biológico" tê-lo - não insistisse em nos fazer acreditar em algo maior.
description
Por último, tratando-se de um trabalho desenvolvido durante a II Guerra Mundial, entendo que o livro traduz também um pouco da psicologia da época, numa altura em que tantas vidas foram arrancadas ao seu "caminho natural", e em que me parece evidente que os intelectuais partilhavam uma noção generalizada de "absurdo".
Como romântica assumida, continuo a preferir um romance que procure interpretar os porquês da existência, e trazer maior clareza à compreensão dos dilemas do Homem. Se possível, que me reconforte, ainda que alimentando a ilusão de haver uma consciência geral, ou um propósito para a nossa inteligência. Creio que o buscar-se sentido para as coisas é, precisamente, o que faz de nós humanos.
A ter de abraçar uma "filosofia de absurdo", prefiro, no contexto da I Guerra Mundial, as mornas conclusões a que Somerset Maugham chegou em 1915, aquando da publicação de Servidão Humana.

Classificação: 3,75***/**

#205 COELHO, João Pinto, Perguntem a Sarah Gross

Opinião: Desisti 

Não me orgulho de desistir, mas a verdade é que, daqui em diante, iria sempre gostar menos do livro. O nosso casamento já tinha azedado. Tentei ficar por aqui e guardar os pontos positivos:

- Estreia arrasadora, para uma primeira viagem nas letras o discurso é muito bom, bem articulado, com momentos de reflexão que oferecem um vislumbre do que o autor é capaz;

- A parte na Polónia é muito interessante, a pesquisa admirável e bem conjurada nos diálogos e trechos passados antes da II Guerra (onde fiquei) cimentou-o com primor. Esses capítulos do passado eram o sítio do livro onde eu gostava de estar. Eram o seu palco mais agradável, melhor composto, mais enriquecedor e exemplificador do potencial do escritor, e a solenidade em torno do núcleo de judeus e das suas tradições e ancestralidade é muito sólido e acolhedor;
- O retrato de St. Oswald's é bastante nítido e pormenorizado, as descrições não são maçadoras e parece-me que, em geral, o cenário é sólido e implanta-se com facilidade na mente do leitor.

A partir daqui, explico porque o livro não me arrebatou, ou porque não consegui ser mera leitora :
Perguntem a Sarah Gross é o romance de estreia de João Pinto Coelho, e acho que o autor tem muito de que se orgulhar por ter inaugurado a sua contribuição para a literatura com esta obra.
A nível pessoal, não li tantos livros assim sobre a Segunda Guerra Mundial, e o principal motivo é o achar que o assunto está muito explorado numa série de plataformas diferentes, sobretudo no cinema e na literatura, e a cada nova estação literária sai um novo livro sobre a sapateira de Auschwitz, ou a costureira, ou o carteiro, etc. São poucas as abordagens a esse período negro da História da Humanidade (70 milhões de vidas perdidas directa e indirectamente do início ao fim do conflito, por todo o globo) que trazem algo de novo, por muito que o horror e as suas muitas frentes sejam uma fonte quase inesgotável de histórias (de amor, de ódio, de discriminação, de vingança, de redenção, de superação, de resistência, etc... de tudo o que nas nuances do ser humano e das suas emoções há). Arriscaria dizer que é do conhecimento geral o que eram as SS, a Gestapo, as particularidades da cultura judaica que denunciavam o judeu, o que é um ghetto, o holocausto, mais ou menos quando tudo isto se passou, etc. Mais difícil, para alguns, seria entender o que foi a Batalha de Aljubarrota, quais os envolvidos e porque se deu tal conflito. Enfim, não deixa de ser um assunto interessante, mas tento manter-me longe dele e focar-me nas pequenas desgraças nacionais e/ou menos reportadas, noutro contexto menos complexo e mais pessoal. Por aqui já fica claro que não é dos meus temas favoritos, pelo menos do prisma Polónia/EUA, que é o que mais nos chega. 
Lista de romances que li a respeito do tema: Expiação, O Grande Amor da Minha Vida (foi inovador espreitar a guerra da janela de uma Leninegrado cercada), O Rouxinol, A Rapariga Que Roubava Livros, O Fim da Aventura, etc …
Não me consegui abstrair de algumas coisas que acredito que o autor venha a limar de futuro, valendo-se da sua evidente destreza expressiva:
1) Se tanto o setting quanto os intervenientes no cenário são estrangeiros, acho que não faz sentido recorrer a expressões idiomáticas portuguesas, como “c’o a breca”, ou “genica”, ou “essa encomenda” referente a uma pessoa difícil. Por vezes, quando surgem, pergunto-me como se traduziria isto para o inglês/polaco/iídiche/alemão que as personagens falam, sem chegar a uma conclusão satisfatória, o que me arranca ao diálogo e me recorda de que é uma obra, e não acontecimentos reais, quebrando o feitiço do livro;
2) Um pouco menos de tell, sobretudo quanto ao carácter das personagens: é preferível deixar-nos tirar as nossas conclusões. Até à página 115, a jovem Sarah Gross, nas analepses dos anos 20, esteve praticamente estática. Isto é, víamo-la através da preocupação dos pais e das pessoas às quais era apresentada, sem que chegasse a dirigir qualquer situação, a tomar uma iniciativa, ou sequer a tecer um comentário. Nunca "ouvimos" a sua voz. E surge descrita como complexa, muito inteligente, sentia-se o espectro da palavra “especial” a pairar muito próxima da personagem mística que o autor procura elevar, como alicerce-mor da sua primeira obra. Porém, do que nos é oferecido na acção, nada leva a crer que assim seja. Não se vê uma decisão, uma birra, uma palavra, um pensamento exposto que nos permita entender o porquê do aparente fascínio das pessoas pela jovem Sarah, à excepção da sua grandiosa beleza. 
3) As personagens Justin (negro) e Dylan (filho de um senador racista), parecem-me decalques. Têm pouca profundidade, surgem como acessórios e, a eles, juntam-se Therese, também acessório, apenas para vocalizar o horror da descriminação e provar que nem todos os brancos são maus, e que a Sarah e a Kim não estão assim tão sozinhas no mundo. 
Quando abandonei o livro, fi-lo com a sensação de que a parte de 1968/69 passada em St. Oswald's era quase dispensável. É evidente que algo haveria de vir daí, julguei que fosse a discriminação, o confronto do tradicionalismo patriota americano com a abertura dos tempos aos diferentes mas, por essa altura, os eixos desse núcleo estavam desagregados, e o assunto "racismo" esfriara. Porém, algo aconteceu, ou a sugestão de algo insinuou-se, a culminar num tema muito delicado, que me fez pôr o livro de lado para evitar mais amarguras em torno dele.

E desisti sem que conseguisse evitá-lo, porque senti que se agigantava um livro dentro de outro, e que me estava a dispersar. As parecenças entre as duas personagens principais faziam com que, na minha cabeça, as duas se misturassem a uma mesma voz.
Talvez um dia o termine, o marcador está lá. O romance é um colosso para livro de estreia, mas tem muitas falhas que não consegui ultrapassar.
Estou sedenta por um livro do Maugham, ou por retomar Steinbeck, ou, mais exigente ainda, chama-me aquele sítio que Lobo Antunes apelidou de Os Cus de Judas, e por isso ponho-o de lado por hora.


Sinopse: Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.

Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.

Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. A obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.


Classificação: 2**/*****