segunda-feira, 29 de agosto de 2016

#167 HEMINGWAY, Ernest, O Velho e o Mar

Sinopse: Conta a história de um velho pescador que luta com um gigante espadarte em alto mar por entre a Corrente do Golfo. Apesar de ter sido alvo de apreciações muito divergentes por parte da crítica, é uma obra que permanece uma referência entre os livros de Hemingway, tendo reafirmado a importância do autor em tempo de o qualificar para o Prémio Nobel de Literatura de 1954.

Opinião: "O Velho e o Mar" é o segundo livro de Hemingway que li. Após a leitura, o tempo contribui para assentar a percepção de um livro. No caso de "Na Outra Margem, por Entre as Árvores", a cada dia que passa desprezo mais a narrativa. Sobretudo o absurdo dos diálogos. Mas este é diferente. É quase todo um monólogo (de Santiago, o pescador, para consigo próprio) mas também um diálogo de gerações. Santiago foi, em tempos, um grande pescador. Mas há oitenta e quatro dias que não tem sorte de pescar nenhum peixe. Não pescar significa não comer, e é na vergonha da pobreza que Mandolin, o rapaz, lhe estende a mão. Tem fé que o velho volte a conseguir uma grande pescaria, ao contrário do próprio Santiago, que sofre momentos de descrença. A teoria está toda viva na sua mente, mas as mãos e o restante corpo não respondem como antigamente. A fortuna também não traz os peixes para o seu esquife, e é na desolação de se achar acabado que, ao sentir que um espadarte de seis metros lhe morde o isco, Santiago decide segui-lo até encontrar o momento ideal para o abater. Grande parte do livro está centrado no esforço que este admirador de DiMaggio faz para manter tão pequena embarcação estável enquanto o peixe se debate pela vida. O respeito do pescador pelo seu sustento é, talvez, o que mais alto me falou no livro, e também a absoluta necessidade de pescar para repor a sua fé na sorte e comida na mesa.

Um livro é realista, não há grandes reviravoltas e é uma obra pequena, mas profunda. Sendo Hemingway, o diálogo está lá e desta vez faz sentido. Houve alturas em que julguei que o dito know-how do pescador era peta, pois nada funcionava dentro daquele esquife. Como não há mulheres no livro, uma só que seja, ou uma menção ao sagrado feminino, Hemingway não pôde ser machista desta vez. Ou talvez resida aí o seu machismo: em tornar as mulheres em seres dispensáveis.
Deste livro julgo que me vou lembrar com carinho conforme o tempo for passando.
Por isso, Hemingway chega às 4 estrelas comigo.


Classificação: 4****/*

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