quinta-feira, 13 de junho de 2019

#221 BARRY, Sebastian. Escritos Secretos

Sinopse: Roseanne McNulty tem perto de cem anos e é a doente mais antiga do hospital de saúde mental de Roscommon. O doutor Grene, o psiquiatra encarregado da avaliação dos pacientes, sente-se intrigado pela história daquela mulher, que passou os últimos sessenta anos da sua vida em instituições psiquiátricas. Enquanto o médico investiga, Roseanne faz uma retrospectiva das suas tragédias e paixões, que vai registando no seu diário secreto, desde a turbulenta infância até ao casamento que lhe prometia a felicidade. Quando o doutor Grene desvenda por fim as circunstâncias da sua chegada ao hospital, é conduzido até um segredo chocante. 

Um livro primorosamente escrito, que narra uma história trágica, fruto da ignorância e mesquinhez, mas ainda assim fortemente marcada pelo amor, pela paixão e pela esperança.

Opinião: Peguei neste romance com entusiasmo, porque une dois dos meus temas favoritos: a Irlanda e os asilos psiquiátricos. A receita tinha tudo para dar certo, e começa firme com um certo misticismo irlandês muito caraterístico, uma queda para a fábula e o sobrenatural muito acentuada. 

Esse, talvez, seja um dos problemas. A narrativa é incongruente: apesar de ser a duas vozes (Roseanne e o seu psiquiatra, William Grene), o ritmo é incerto. Senti que a escrita seguiu muito o estado de espírito do autor - foi a primeira vez que senti algo assim num livro, sobretudo num traduzido, pelo que posso estar muito enganada, mas foi a percepção com que fiquei.

Há pelo menos duas coisas que não têm resposta, ou pelo menos não consegui discerni-la na leitura, e que mancham o aprumo com que o enredo foi montado. Posto isto, a narrativa vale pela Irlanda do século XX, do IRA, da guerra civil, da separação Norte/Sul e da miséria absoluta, bem como do clima agreste e da eterna quezília protestantes/católicos. Achei que o romance falha a vários níveis humanos e narrativos, pelo que não me arrebatou. 

Classificação: 3,5/5*****

PS: Acabo de descobrir que há um filme protagonizado pela minha adorada Rooney Mara

Sem comentários:

Enviar um comentário