sábado, 18 de janeiro de 2020

#237 MOLESKY, Mark, O Abismo de Fogo


Sinopse: No Dia de Todos os Santos, em 1755, um sismo abalou a terra, desde o fundo do oceano Atlântico até às costas ibérica e africana. No caminho estava Lisboa, então uma das cidades mais ricas do mundo e capital de um vasto império. Em minutos, parte da cidade transformou-se em ruínas.Mas isto foi apenas o começo. Meia hora depois, um maremoto originado pelo terramoto atingiu o litoral português, provocando uma enchente no rio Tejo, arrastando milhares de pessoas para o mar. No final do dia, ondas gigantes haviam feito vítimas em quatro continentes.Completando a destruição, uma tempestade de fogo engoliu quase tudo o que restava da cidade, atingindo os sobreviventes com temperaturas que excederam os 1000 ºC. As chamas prolongaram-se por várias semanas.Tendo por base novas fontes, as últimas descobertas científicas e um profundo conhecimento da história da Europa, Mark Molesky dá-nos um relato do Grande Desastre de Lisboa e do seu impacto no Ocidente, em que se inclui a descrição do primeiro movimento de ajuda humanitária mundial, do aparecimento de uma ditadura em Portugal (que, apesar de tudo, serviu para modernizar o país) e do efeito da catástrofe no Iluminismo europeu.Muito mais do que uma crónica sobre destruição, O Abismo de Fogo é um emocionante drama humano onde surgem personagens inesquecíveis, como o marquês de Pombal, que encontra no caos o caminho para o poder, ou Gabriel Malagrida, o carismático jesuíta que acabou por ser morto devido à sua interpretação do terramoto como castigo divino.



«As batalhas perenes da humanidade entre a fé e a razão sempre foram postas à prova nos momentos de calamidade. O terramoto de 1755 foi o primeiro e mais dramático desses momentos na era moderna, e aguardava pacientemente o seu historiador. Tem finalmente, em Mark Molesky, o seu brilhante analista.»[Simon Schama]

Opinião: Li atentamente cerca de 70% do livro, as partes que se referiam aos vários rostos do desastre e da reconstrução, surpreendida pela horda de novidades sobre esta época tão complexa que o livro oferece. 

O terramoto, os seus meandros e implicações, o sol a nascer Às 06h02 desse dia fatídico, e a pôr-se às 17h47, para lá de nuvens de fumo e cinzas, fogo e gritos de desalento. Esses são os detalhes que me interessam. O livro explora e complementa muitas outras fontes. É uma obra descomunal de pesquisa e interpretação de um momento complexo que perdurou no tempo, que marcou a civilização europeia, que permitiu a ascensão de um déspota ao governo de Portugal, e que trouxe Portugal, do modo mais violento possível, para a era das luzes.

(Passei por cima das explicações científicas, isto é: daquilo que hoje se sabe sobre a possível origem deste terramoto, e também da parte do processo dos Távoras e de outras medidas do Marquês, no Douro, Coimbra, além-fronteiras, etc.).


Classificação: 4****/5

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