quarta-feira, 28 de novembro de 2012

#66 GREEN, John - A Culpa é das Estrelas


Sinopse: Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.
PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.

Opinião: A minha opinião é ambígua em relação a este livro. Não consegui entender se havia um público a quem era dirigido e se, havendo, eu me enquadrava nele. Contudo suspeito de que, se tivesse cinco aninhos a menos, o livro me teria marcado muito mais. Para quem não sabe, esta obra de ficção envolve a criação de um medicamento que, na realidade não existe, para prolongar a vida de uma adolescente cujo cancro é incurável. A sua vida é um mero adiamento de uma morte mais eminente do que a de qualquer mortal. Tem pouca qualidade de vida mas tem um espírito são, motivado, arguto.
Se é uma obra perspicaz? É, bastante, é verdade. Arrojada? Pareceu que estava a ler as minhas deixas inconvenientes nas falas das personagens, chocada com a ousadia do que é dito e a necessidade que havia de dizê-lo. Cru também. Não posso negar-lhe um 4 pela reflexão que proporciona. Mexe com vida e morte, prioridades, mesquinhices, receios, indignidades. Mas também senti muito a presença da idade do escritor no livro. Achei que havia demasiado cuidado com o que as personagens vestiam e o romance, na minha opinião, foi inevitável entre dois jovens. Eu não gosto de romances inevitáveis, gosto de romances improváveis. Ainda assim, tem rasgos de filosofia, acrescenta algo ao leitor, ensina, educa, obriga a pensar. De facto a segunda parte do livro é a melhor. Estive constantemente à espera que me arrancassem lágrimas e, quando vieram, nem sequer compreendi muito bem como. Houve ali uma reviravolta no livro que me pôs a chorar baba e ranho… lá ia eu, estrada afora, de livro numa mão, lencinho na outra, a ler sobre perda e sobre consolar alguém que perde alguém. Aprecio bastante o facto de o livro ser pequeno e, ainda assim, demorei alguns dias a lê-lo porque a primeira parte arrastou-se sem grande interesse. É Amsterdão que me arrepiou, bem como a revelação que se segue e, sobretudo, um momento que leva à minha citação favorita. Aconselho a quem queira reflectir na vida.

Elegia: «Não sou matemática, mas uma coisa eu sei: Entre 0 e 1 existem números infinitos. Existe o 0,1 e o 0,12 e o 1,112 e uma série infinita de outros. Claro está que existe um maior conjunto infinito de números entre 0 e 2, ou entre 0 e um milhão. Algumas infinidades são maiores do que outras (...) Quero mais números do que é provável que tenha, e, oh Deus, quero mais números para o Augustus Waters do que os que ele tem. Mas Gus, meu amor, não te consigo dizer como estou grata pela nossa pequena infinidade.» 
Classificação: 3***

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