quarta-feira, 17 de abril de 2013

#82 SPARKS, Nicholas - Um Refúgio para a Vida


Classificação: 4****

Há muito que o Nicholas Sparks não me tentava. Comprei o “Um Homem com Sorte” porque vi o filme num momento em que me apetecia algum romance. Já sei sempre o que esperar dele e, tantas vezes, fica aquém do seu próprio melhor. Com melhor menciono sempre o livro “Laços que Perduram”, que não se vê em lado algum mas que consegui por milagre.
À semelhança do “Laços que Perduram”, eu entendi que esta história abordava o tema da violência doméstica. O trailer do filme (a química evidente entre as duas personagens principais) fez-me vê-lo. E revê-lo. Segurei-me para não derramar algumas lágrimas no cinema. Adoro o filme, os actores, a banda sonora, a história. Desci do cinema directa para a banca de livros. “Um Refúgio para a Vida” – check.
Li o livro em quatro dias. Conta a história de Katie, recém-chegada a uma pequena cidade da (sempre) Carolina do Norte. Alex é viúvo (habitual) e tem dois filhos. Katie apega-se às crianças e apaixona-se por Alex. Uma personagem muito interessante é o rosto do passado que persegue a reservada Katie – Kevin. Gostei muito desta personagem, que se vai tornando melhor (e mais perturbada) quanto mais o livro avança. É um óptimo suporte, bem sólido, do enredo central.
Mas qual não é o meu espanto ao verificar que o livro é muito diferente do filme. Isto apesar de a Nicholas Sparks Productions estar por detrás da produção da película cinematográfica. No livro Katie é loira de cabelo comprido e, num faça você mesmo, corta o cabelo e pinta-o de castanho. Faz sentido, se o objectivo é ser discreta. Além disso não deve ser assim tão fácil pintar o cabelo de loiro em casa. Alex é grisalho, no livro. Hum. No filme ele não parece tão pachorrento, tão “ok, ofendeste-me, vou-me embora”. Silêncio. Os rapazinhos bonzinhos do Nicholas são assim mesmo. Nunca levantam a voz, nunca se exaltam, nunca dizem à mocinha (quando é caso disso, e felizmente com a Katie não foi) que são umas mimadas de Diet Coke em punho.
Também a acção principal do filme está melhor. Arrasta-se o mistério durante mais tempo. Katie é mais relutante em confiar. O romance é mais natural, mais credível do que no ritmo lento e “doce” do livro, que não se precipita nem tem ímpetos de paixão. O “mistério” é levado a bom porto duma forma muito mais interessante. Muitas premissas do filme estão ausentes no livro, bem mais simplista. Achei o livro muito visual e cinematográfico, como se já fosse previsto que acabasse no cinema. Coisas como "pestanejou e viu-se na infância", "pestanejou e voltou ao presente", "pestanejou e viu-se de cabelo loiro e comprido", etc.
Em geral gostei do livro. Vou mantê-lo aqui. Mas é um daqueles casos raros em que o filme é melhor. Aconselho-vos a ver o filme primeiro, porque podem gostar mesmo muito dele. Se lerem o livro primeiro vão perder a abordagem aprimorada que este faz à história. Mesmo a revelação das últimas três páginas de livro causa muito mais impacto no filme - e não o digo por já conhecer o desfecho. Uma pessoa sai do cinema sem saber se ria se chore.
A nota que lhe atribuo é devido à leveza e facilidade com que viajei através dele, fortemente sustentada pelo Kevin, a revelação final e o facto de permanecer em mim após terminado.

O filme deu-me vontade de ler o livro. O contrário talvez não tivesse acontecido...

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