quinta-feira, 10 de maio de 2012

»Demência, Críticas e Entrevistas

Compilação:


Opiniões do “Demência”



1 - Isabel Almeida

Blogue: “Os Livros nossos”
Classificação: 5*****


2 - Andreia Ferreira (autora de “Soberba Escuridão”)
Blogue: “D311nh4”
Classificação: 5*****


3 - Clarinda Cortes
Blogue: “Ler é Viver”
Classificação: 5*****


4 - Cristina
Blogue: O tempo entre os meus livros
Classificação: 4****+


5 - Carla M. Soares (autora de “Alma Rebelde”),
Blogue: “Monster Blues”
Classificação: 4(,5)*****


Outras:

6 - Sofia Rodrigues

Podia ser um livro qualquer como tantos outros. Mas este é especial. Soube-o assim que passei os olhos pela sinopse: Alzheimer. Para muitos esta palavra será igual, banal como tantas outras. Não para mim. Seria apenas o reflexo desfocado pelo tempo de uma realidade que me bateu à porta, mas em vez disso deixou marca profunda na minha memória. Hoje adulta, outrora uma criança, que viu a adorada bisavó a ficar estranha, confusa. Ou como diria a Célia, demente. Por que no fundo é disso mesmo que se trata, uma demência que sem pena nem pudor vai roubando a memória aos pedaços, deita fora peças de uma vida, esfuma aquilo que nos faz sentido. Dos muitos episódios estranhos a que assisti, os quais não importa nomear, refiro um. Aquele que até hoje me enche de lágrimas os olhos. Os mesmos olhos que imploraram por reconhecimento. No dia em que tu “avó” (como sempre te chamei) não me reconheceste. Querias ver a tua menina. Vieram todas as da aldeia… e não era nenhuma delas. Até que cheguei eu. Estava ali à tua frente e os teus olhos ignoraram-me com uma frieza atroz. Olhaste para um retrato meu (tirado três anos antes) e lá estava a tua menina. Não eu. Eu, e tantos outros, fomos apagados. Passei a ser uma intrusa. Mais uma estranha aos teus olhos. Doeu demais…

Mas enfim, esta opinião, crítica ou aquilo que lhe queiram chamar não é sobre mim. Quis apenas justificar parte do meu interesse pela história. Isto de sair da história para entrar nas partidas que a memória nos prega enquanto lemos, tem muito que se lhe diga!

O Demência, livro da Célia Correia Loreiro, não é sobre Alzheimer. Também não é sobre violência doméstica. Ou sequer sobre a luta de uma mulher para sobreviver às marcas impressas pelo passado e que o presente insiste em lhe relembrar a cada passada que dá. É, na minha opinião, a simbiose perfeita de tudo isso indo mesmo, diria, um pouco mais além. Numa amálgama de sentimentos, os olhos voam sobre as palavras da Célia. As páginas viram-se sozinhas e quando damos por isso já mergulhámos na história. Não queria desvendar demasiado o que se passa nestas 394 páginas, mas gostaria imenso de que, com as minhas palavras, outras pessoas sentissem curiosidade de as ler. É bom dar uma oportunidade a uma autora portuguesa que está ainda a dar os primeiros passos no mundo dos livros enquanto objecto impresso, mas que já é uma “veterana” neste jogo da palavra, na conjugação perfeita daquilo que são personagens, histórias e destinos.
A certa altura, admito, senti que a Olímpia foi um pouco deixada no esquecimento da história. Perguntei-me o que lhe estaria a acontecer enquanto a Letícia lhe roubava o protagonismo. Não é um reparo ou crítica negativa, mas apenas uma constatação. Com o decorrer da leitura percebi apenas que era o meu lado sentimentalista que se perguntava por ela.

Achei incríveis de tão realistas as descrições dos espaços, das mentalidades e costumes. Também eu cresci num aldeia como aquela que é palco deste livro. E é tal e qual. A integridade e humildade de uns são rapidamente abafadas pela mente fechada, costumes desgastados por um tempo injusto que já foi. Ou deveria ter ido e ainda permanece.

A Letícia é uma mulher fictícia com uma imensa força. Há muitas Letícias por aí. Vítimas da velha (mas sempre recorrente) história do lobo que vestia pele de cordeiro e quase lhe destruiu a vida. Quase. No fim de contas, isto é um romance!

Célia, confesso, que tenho evitado ler os últimos excertos que tens publicado. Li os primeiros e fiquei com uma terrível vontade de ler o teu próximo livro! Penso que já se percebeu que sou fã da forma como escreves. Expões a história ao sabor de um jogo de palavras, conceitos e sentimentos que simplesmente adoro.»
Obrigada também pela dedicatória. Palavras tão simples mas que marcam a diferença. Como vês, apaixonei-me pela história e mantenho contacto contigo!

Um grande beijinho;
Sofia»
  
7 - Ana Filipa Marques

«O rating que atribuí ao livro não teve nada a ver com o facto de conhecer a escritora.

A história, por sua vez, teve a capacidade de me transportar para todo aquele mundo imaginário/real com o qual nos vamos deparando ao longo da mesma. A maneira como o percurso das diferentes personagens vai sendo traçado, o desespero destas, a angústia e o sofrimento com o qual nos cruzamos também nos sufoca a nós leitores.

É demasiado fácil criar uma relação de amor/amizade com as personagens. Desde o mais novo ao mais velhinho, passando pelo bom e pelo vilão, todas elas demonstram a sua subtileza, a sua compaixão, o motivo pelo qual agem de certa maneira perante determinado problema.
É extremamente importante que o leitor, enquanto ser humano capaz de compreender todo o mundo e todas as alternativas que tem ao seu dispor ao longo da vida, compreenda o porquê de Letícia ter tomado alguma decisões no passado que irão de encontro à história de vida de Olímpia, que sucumbirá num dos mais lamentáveis e incompreensíveis desfechos.

O bom na história é que ao lê-la é possível que captemos os cheiros daquela explêndida aldeia. No final irão ver que foi tão bom simpatizar com todas aquelas mulheres e aqueles homens. Foi tão bom compreender a Letícia e verter uma lágrima pela Olímpia. Melhor que tudo isto será descobrir, no final, que afinal valeu a pena...que tudo vale a pena. Que a vida é uma montanha russa na qual nos podemos perder e encontrar de novo.»


8 - Vanessa (de) Campos

Sou uma leitora de 22 anos, razão pela qual (penso eu) este género literário não é o que mais me estimula. Daí a minha pontuação ser de 4 estrelas.
Em relação ao livro em si, abstraindo-me dos meus gostos literários, penso que é um livro que realmente nos transporta à pequena aldeia beirã, e que nos faz sentir um pouco do que as personagens vão sentido ao longo do livro, tanto física como emocionalmente. Também gostei particularmente das conclusões que se vão tirando ao longo do livro, e de como as personagens vão evoluindo neste campo, pois não mostram ser personagens estáticas, o que na minha opinião é bastante importante tanto na literatura como no cinema (a existência de um arco de personagem).
Sobre a autora do livro, com 22 anos apenas, demonstra realmente alguma maturidade emocional pouco característica desta idade. A forma como descreve situações tão delicadas e nos transporta para lá, pondo-nos mesmo na situação/perspectiva das personagens sem tomar um partido como único é espectacular e delicada, demonstrando um elevado grau de maturidade neste aspecto.

É um livro que aconselho a ler, especialmente a um público mais maduro que com certeza irá sentir o livro de forma mais intensa.

Vanessa de Campos.


Entrevistas

1- Isabel Almeida,
Blogue: “Os Livros nossos”

«Sempre fiquei meio assombrada por ver o modo como o ambiente condiciona crenças, modos de vida, costumes, superstições, o próprio certo e o errado. Sempre lhes invejei a liberdade, também. Aquelas pessoas estão cingidas a um pequeno espaço, que assume assim a dimensão do mundo inteiro, e circulam nele como se circulava quase há séculos atrás.»

2 - Sofia Teixeira
Blogue “Morrighan”


«Quais as tuas influências?
Nenhumas. De todas as vezes que quis aplicar «influências» nos meus enredos, desisti e apaguei tudo. Não sou a Isabel Allende nem a Joanne Harris, por muito que as admire. A cada vez que quis pôr um espectro a atravessar uma sala dei-me conta disso.»

3 - Andreia Ferreira (autora de “Soberba Escuridão”),
Blogue: “D311nh4”


«De onde surgiu a ideia para esta história?
Não partiu de nenhuma experiência pessoal ou próxima de violência doméstica, mas talvez da minha veia feminista e de considerar um ultraje que os homens se prestem a esse papel de monstros. Creio que, embora actualmente também já existam homens vítimas do mesmo mal, sendo a mulher a vítima é pior ainda porque estamos perante uma situação em que a força dela é subjugada.»

4 - Cristina
Blogue: O tempo entre os meus livros


«Fala-nos do teu livro:
Quis que ambas as personagens fossem protagonistas de uma história de sobrevivência, que as suas essências coincidissem nesse ponto e fossem motivo de incompreensão mútua. Quis valer-me da ironia da vida, do destino, dos caminhos que parecem despregados e que se entrelaçam e fazem sentido em situações impensadas. Quis incluir um pouco do improvável neste enredo realista. Creio que os acontecimentos retratados são familiares a muitos portugueses.»

5- Sara Baptista
Blogue: Espectacular’te

Peço desculpa se me estou a esquecer de alguém, acuse-se!

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