Sinopse: O apelo do vestido perfeito consiste em duas
partes: as senhoras devem desejar vesti-lo, e os senhores devem desejar
despi-lo
A ambiciosa e talentosa modista Marcelline Noirot é
uma estrela em ascensão na chique cidade de Londres. E quem melhor beneficiaria
do seu talento, se não a dama mais mal vestida de Londres, a noiva do duque de
Clevedon? Conseguir o mecenato da futura duquesa significaria mais prestígio e
fortuna para Marcelline e para a sua família. Para chegar até ela precisaria,
contudo, de atrair as atenções do duque, um cavalheiro cujos padrões de
estética são elevados, mas os padrões morais... já não.
Parece valer a pena. No entanto, quando Marcelline se
encontra com ele, Clevedon projeta uma sedução tão irresistível como os
vestidos que ela costura e cria, e o que começa por ser apenas uma faísca de
desejo, depressa se torna num delicioso inferno... e um ardente escândalo. Será
suficiente os seus destinos estarem apenas suspensos por um fio de seda?
Opinião: Comprei este livro em Setembro do ano passado. Foi um
mês em que trabalhei 30 dias, todos os dias, e não só 8 horas por dia. Fui guia
e agente de viagens, fiz transfers às três e às cinco da manhã para o aeroporto
e deitei-me às tantas para dar o jantar aos meninos e conviver com eles. Sem
falar que desci as escadas do Bom Jesus e, perto disso, as tremuras nas pernas
depois da descida do castelo de Beja não foram nada. Isto para dizer que não
tinha tempo, nem interesse em lê-lo. Ainda bem... Vim pegar-lhe numa fase em
que não me apetecia ler nada, em que os livros "bons" são demasiado
difíceis para o meu estado de espírito, e os livros de chacha (romances
cor-de-rosa) já me parecem todos iguais.
Este
livro surpreendeu-me. Faz parte de uma série de quatro livros em que as
personagens principais são três irmãs costureiras. Aqui começa a desconstrução
dos romances do género. Marcelline não é nobre, não é desfavorecida, não é virgem.
Gervase Clevedon nunca é mencionado como sendo "libertino".
Finalmente! A história é diferente, tem humor, e as personagens estão muito bem
construídas...
Marcelline
é determinada, competente, trabalhadora árdua, ambiciosa e engenhosa. Não temos
como não torcer para que os seus esforços dêem frutos. Não há aquela história
do mal entendido que depois se resolve. Cada personagem é adulta e tem os seus
dilemas.
Clevedon
é cativante, protector, teimoso e tão determinado quanto Marcelline, mas
pareceu-me a personagem mais fraca. Enquanto ela tinha garra e paixão, ele vê-a
a todas as horas e parece incapaz de existir para além disso. Mas o amor é
tantas vezes assim... A pessoa deixa de ver o que a rodeia e o que lhe está
debaixo do nariz...
Não
gostei de algumas (muitas) repetições - fizeram-me a papinha toda, não deram
espaço a deduções. Não gostei de tantas menções ao diabo e a Belzebu e ao
demónio e etc. É básico e old fashioned associar pessoas que jogam ou que têm vidas de moral
duvidosa a coisas demoníacas, no sentido expressivo. "Eram aparentadas com
o diabo, de tão traiçoeiras" - algo do género. São forças de expressão,
mas houve ocasiões muito rebuscadas. Não sei se o mal é da tradução ou do
original.
No
geral diverti-me, sempre soube onde isto ia, e adorei ler os detalhes todos da
época com que a autora enriqueceu o livro. Localizações, a sociedade inglesa e
a parisiense, os hábitos, os trajes, os jogos hierárquicos. Houve momentos de
grande articulação. Adorei, mas penso que não vou ler o seguinte. Não li boas críticas a seu respeito.
Classificação: 3,5***/**
Classificação: 3,5***/**