sexta-feira, 26 de abril de 2013

#84 QUINN, Julia, Romancing Mr. Bridgerton


Classificação: 3,5***/*

Synopsis: Penelope Featherington has secretly adored her best friend's brother for . . . well, it feels like forever. After half a lifetime of watching Colin Bridgerton from afar, she thinks she knows everything about him, until she stumbles across his deepest secret . . . and fears she doesn't know him at all. 
Colin Bridgerton is tired of being thought nothing but an empty-headed charmer, tired of everyone's preoccupation with the notorious gossip columnist Lady Whistledown, who can't seem to publish an edition without mentioning him in the first paragraph. 
But when Colin returns to London from a trip aboard, he discovers nothing in his life is quite the same, especially Penelope Featherington, the girl haunting his dreams! 

And when he discovers that Penelope has secrets of her own, this elusive bachelor must decide . . . is she his biggest threat, or his promise of a happy ending?

Opinião: O que gostei mais a respeito deste livro foi o facto de ter prestado tanta atenção ao Colin e à Penelope nos anteriores. O destino estava sempre a colocá-la a suspirar por ele e a refazer-se das ofensas que ele - não por maldade mas por descuido - lhe incutia. A Penelope é a ovelha negra da sociedade Londrina. Neste livro está com 28 anos, é uma solteirona que deixou de se importar se sai ou não acompanhada de casa. O Colin acabou de regressar de uma viagem ao Chipre.  Como já tem trinta e três anos a mãe parece mais inclinada em dar-lhe uma trégua.

É neste contexto que ele a Penelope começam a aproximar-se. Ele sente-se em dívida para com ela devido às grosserias que cometeu ao longo dos doze anos em que ela o admirou secretamente. O “amor” não foi apressado, nem a afeição do Colin foi justificada por uma mudança drástica da parte da Penelope (do género emagrecer ou passar a vestir-se melhor). É ele que admite que muda e que lhe vê qualidades que só agora é capaz de valorizar. A Penelope havia desistido por completo. É interessante vê-la revelar-se aos poucos, agora que é assumidamente solteirona e não tem nada a perder, e também agora que já não tem ilusões românticas quanto ao Colin. Finalmente é livre de abrir a boca e dizer o que lhe vai na cabeça. Acabamos por descobrir que parte do seu espírito menos submisso já lá estava.
Este é o livro da série em que depositei mais esperanças. Talvez porque o Colin tivesse tanto que se desculpar para com a Penelope... e como ia um homem tão popular e divertido encontrar algum estímulo numa mosca morta como a Penelope???
Neste livro também descobrimos, finalmente, quem é Lady Whistledown. Não faço ideia se continuará a fazer comentários argutos nos próximos livros, porque desmascarada ser-lhe-á mais difícil criticar os vestidos das senhoras.
Não sei... penso que as histórias do Simon e da Daphne, do Benedict e da Sophie, foram bem mais bonitas. Talvez a Julia tenha posto mais alma nelas. Talvez as minhas expectativas estivessem demasiado altas.

English version: What I liked the most about this book was the fact that I paid a lot of attention to Colin and Penelope in the other volumes. Fate was always making her long for him as well as she'd get back on her feet from his last offense - not that he meant it, but he was way too clumsy to avoid it. Penelope is the black sheep of London's society. In this book she's 28, an old maid who just stop worrying about leaving home without a chaperone for a walk. Colin just got home from a trip to Cyprus. Since he's already 33, his mother finally gives him a break from the "bride's hunt".
This is the context in which the two of them start spending more time together. He feels he owes her an apology due to the ruthless way he've been threating her at times, during the last twelve years in which she loved him secretly. Love was not rushed and Colin's affection was not justified by a drastic change in Penelope's way (like losing weight or dressing up better). It's him who admits he has changed and who admits he's now able to see her qualities as he wasn't before. Penelope gave up completely. It is interesting to see her reveal herself; she's unassumingly a maid and she has nothing to lose, she has even put aside her romantic illusions towards Colin. She's now free to open her mouth to whatever she intends to say. We end up finding out that there isn't much bondage on her true spirit.
This is the book from these series that I've put more expectations on. Maybe because Colin had to make it up to Penelope for all the times his comments hurt her. And how would such a popular and funny man ever find amusement in a wallflower like Penelope???
In this book you'll also find who is Lady Whistledown - finally! I have no idea if, from now on, she'll continue criticizing the ladies gowns on balls.
I don't know I just... I think Simon and Daphne, Benedict and Sophie... their stories where prettier. Maybe Quinn put more soul into them. Or maybe my expectations were way too high.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

#83 QUINN, Julia, Amor & Enganos

Classificação: 4,5****/*

Sinopse: Sophie Beckett tinha um plano ousado: fugir de casa para ir ao famoso baile de máscaras de Lady Bridgerton. Apesar de ser filha de um conde, ela viu todos os privilégios a que estava habituada serem-lhe negados pela madrasta, que a relegou para o papel de criada. Mas na noite da festa, a sorte está do seu lado. Sophie não só consegue infiltrar-se no baile como conhece o seu Príncipe Encantado. Depois de tanto infortúnio, ao rodopiar nos braços fortes do encantador Benedict Bridgerton, ela sente-se de novo como uma rainha. Infelizmente, todos os encantamentos têm um fim, e o seu tem hora marcada: a meia-noite. Desde essa noite mágica, também Benedict se rendeu à paixão. O jovem ficou até imune aos encantos das outras mulheres, exceção feita... talvez... aos de uma certa criada, que ele galantemente salva de uma situação desagradável. Benedict tinha jurado tudo fazer para encontrar e casar com a misteriosa donzela do baile, mas esta criada arrebatadora fá-lo vacilar. Ele está perante a decisão mais importante da sua vida. Tem de escolher entre a realidade e o sonho, entre o que os seus olhos veem  e o que o seu coração sente. Ou talvez não...

Opinião: O que guardo sempre dos livros da Julia Quinn são as gargalhadas. As situações caricatas e o aperto no peito quando as personagens finalmente metem o humor de lado para se abrirem perante as outras.
Gostei muito deste livro. Lembra-me a versão da Renee Olstead do “When I fall in love”. É um livro romântico – o mais romântico que li em anos – sonhador, doce e angustiante em diversas partes. Adorei a Sophie, apaixonei-me pelo Benedict à terceira página, adorei a condução da história deles.
O Benedict é o segundo dos irmãos Bridgerton, com uma mãe que dedica todos os seus recursos à “caça ao cônjuge” para os filhos. Neste livro também ela revelou outra faceta sua ao dar a entender que foi uma mulher muito feliz com o marido e que, por isso, deseja felicidade sentimental aos filhos acima de tudo. Quanto a Sophie, é uma filha bastarda de conde, maltratada pela Madrasta.
A Cinderela… Bom, nem sei bem que diga da Cinderela. Em pequena alugava o filme todos os fins-de-semana. Pais e irmãos mais do que saturados daquela criatura submissa. Este livro começou como se estivesse perante a história da Cinderella, com uma Sophie maltrada e dócil. Entretanto revelou-se de carácter forte e batalhador, sem os arrufos idióticos de personagens como a Pegeen (Patricia Cabot). Benedict é um artista, um romântico. Todo ele padrões morais e respeitabilidade. Adorei deslindar o modo como ele se debatia entre a misteriosa mulher que conhecera num baile – e que se eclipsara – e a criada que vivia sob o tecto das suas irmãs.
Suspirei, ri às gargalhadas, apaixonei-me pelo Benedict, quis torcer o pescoço à madrasta (Araminta) e bater as palmas a uma das meias-irmãs (Posy). Aconselho aos românticos! Não atribuo 5 porque faltou ali um pozinho mágico qualquer... Talvez consiga finalmente dar essa classificação à Quinn com o Colin e a Penelope.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

#82 SPARKS, Nicholas - Um Refúgio para a Vida


Classificação: 4****

Há muito que o Nicholas Sparks não me tentava. Comprei o “Um Homem com Sorte” porque vi o filme num momento em que me apetecia algum romance. Já sei sempre o que esperar dele e, tantas vezes, fica aquém do seu próprio melhor. Com melhor menciono sempre o livro “Laços que Perduram”, que não se vê em lado algum mas que consegui por milagre.
À semelhança do “Laços que Perduram”, eu entendi que esta história abordava o tema da violência doméstica. O trailer do filme (a química evidente entre as duas personagens principais) fez-me vê-lo. E revê-lo. Segurei-me para não derramar algumas lágrimas no cinema. Adoro o filme, os actores, a banda sonora, a história. Desci do cinema directa para a banca de livros. “Um Refúgio para a Vida” – check.
Li o livro em quatro dias. Conta a história de Katie, recém-chegada a uma pequena cidade da (sempre) Carolina do Norte. Alex é viúvo (habitual) e tem dois filhos. Katie apega-se às crianças e apaixona-se por Alex. Uma personagem muito interessante é o rosto do passado que persegue a reservada Katie – Kevin. Gostei muito desta personagem, que se vai tornando melhor (e mais perturbada) quanto mais o livro avança. É um óptimo suporte, bem sólido, do enredo central.
Mas qual não é o meu espanto ao verificar que o livro é muito diferente do filme. Isto apesar de a Nicholas Sparks Productions estar por detrás da produção da película cinematográfica. No livro Katie é loira de cabelo comprido e, num faça você mesmo, corta o cabelo e pinta-o de castanho. Faz sentido, se o objectivo é ser discreta. Além disso não deve ser assim tão fácil pintar o cabelo de loiro em casa. Alex é grisalho, no livro. Hum. No filme ele não parece tão pachorrento, tão “ok, ofendeste-me, vou-me embora”. Silêncio. Os rapazinhos bonzinhos do Nicholas são assim mesmo. Nunca levantam a voz, nunca se exaltam, nunca dizem à mocinha (quando é caso disso, e felizmente com a Katie não foi) que são umas mimadas de Diet Coke em punho.
Também a acção principal do filme está melhor. Arrasta-se o mistério durante mais tempo. Katie é mais relutante em confiar. O romance é mais natural, mais credível do que no ritmo lento e “doce” do livro, que não se precipita nem tem ímpetos de paixão. O “mistério” é levado a bom porto duma forma muito mais interessante. Muitas premissas do filme estão ausentes no livro, bem mais simplista. Achei o livro muito visual e cinematográfico, como se já fosse previsto que acabasse no cinema. Coisas como "pestanejou e viu-se na infância", "pestanejou e voltou ao presente", "pestanejou e viu-se de cabelo loiro e comprido", etc.
Em geral gostei do livro. Vou mantê-lo aqui. Mas é um daqueles casos raros em que o filme é melhor. Aconselho-vos a ver o filme primeiro, porque podem gostar mesmo muito dele. Se lerem o livro primeiro vão perder a abordagem aprimorada que este faz à história. Mesmo a revelação das últimas três páginas de livro causa muito mais impacto no filme - e não o digo por já conhecer o desfecho. Uma pessoa sai do cinema sem saber se ria se chore.
A nota que lhe atribuo é devido à leveza e facilidade com que viajei através dele, fortemente sustentada pelo Kevin, a revelação final e o facto de permanecer em mim após terminado.

O filme deu-me vontade de ler o livro. O contrário talvez não tivesse acontecido...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Escrever sob uma fórmula: funciona sempre?


Escrever sob uma fórmula: funciona para sempre?

Aparentemente, sim. Isto porque hoje me pus a fazer reviews dos livros que li há praí dez anos da Danielle Steel. Alguém, num comentário pouco lisonjeiro, mencionou que a “fórmual da autora” não lhe agrada. Eu havia escrito a mesma coisa nos dois livros em que elaborei review – que há um padrão que me aborrece na autora. Também reflecti sobre essas ditas “fórmulas”, e desencantei alguns autores que seguem algo que pode ser assim apelidado. Ocorreram-me de imediato, a par da Danielle Steel, o Nicholas Sparks, o Dan Brown, a Sveva Casati Modignani, a Madeline Hunter e quase todos estes escritores que escrevem romances de época mais malandros. Talvez também porque fechá-los no tempo os limite um pouco, mais é mais do que isso… É uma espécie de auto-plágio repetitivo e cíclico. Ora vejamos:

Danielle Steel (baseando-me em exemplos de livros como Um Amor Imenso, A Dádiva, A Imagem no Espelho, o Rancho, etc…): A personagem principal feminina perde sempre alguém muito importante (mãe, pai, pais, filho), a perda dilacera-a e consegue a piedade de todos para ela. É maltratada durante grande parte da sua vida, metendo-se em disparates porque a vida lhe foi madrasta, e quando conhece “o tal” está muito traumatizada. Toda a gente lhe diz constantemente que é linda e maravilhosa (ao ponto do enjoo) e que a admiram muito. O tipo tem de se esforçar por lhe provar que não é um playboy, não é como o violador, não é indigno da sua confiança… blablá. Sempre a mesma história com personagens de fortes valores morais que atiram constantemente pela janela. É uma frustração de pessoas a cometerem disparates gritantes porque acham que é o certo.

Nicholas Sparks (o Diário da Nossa Paixão, A Alquimia do Amor, O Sorriso das Estrelas, Uma Promessa Para a Vida, À Primeira Vista, Uma Escolha por Amor, Corações em Silêncio, Laços que Perduram, As Palavras que Nunca te Direi, Quem Ama Acredita, etc.): é um caso mais bicudo. Em praticamente todos estes livros – e nos outros que li e cujo nome me esqueci de mencionar – há sempre ou um viúvo (À Primeira Vista, A Alquimia do Amor, Um Refúgio para a Vida, As Palavras que Nunca te Direi), ou uma mulher doente de cancro/vítima dum acidente/Alzheimer (Um Momento Inesquecível, Uma Escolha por Amor, O Diário da Nossa Paixão), ou uma mulher vítima de violência doméstica (Laços que Perduram e Um Refúgio para a Vida), ou um homem no Iraque (Juntos ao Luar, Um Homem com Sorte).

Um deles tende a morrer no final (O Diário da Nossa Paixão, O Sorriso das Estrelas, Um Momento Inesquecível). Depois há outros pontos comuns – as histórias passam-se sempre na Carolina do Norte, há sempre um alpendre, há sempre uma mulher que bebe Diet Coke e um homem que tem covinhas no rosto. O homem é sempre um good guy que nunca tem sexo ocasional e que quebra um longo jejum por devoção à mocinha. Convida-a sempre para sair com a maior cerimónia, debate-se geralmente se deve ou não beijá-la no final dessa saída. Não há grande paixão (ou espontaneidade) entre as personagens. Mesmo as primeiras piruetas na cama costumam ter uma aura de “ao quinto encontro já podemos”. Ele leva-a sempre a jantar a um sítio fixe que conhece. Não é invulgar darem um passeio de barco ou ficarem até tarde no alpendre a conversar e a beber vinho. O tipo grelha sempre qualquer coisa enquanto bebe cerveja (este ambiente de descontracção forçada deita-me por terra). Tenho notado que dá cada vez mais importância à comida – repete muito que comeram isto e aquilo e como o confeccionaram. Os finais são um de dois: ou para destroçar o leitor


(conseguiu com o Um Momento Inesquecível e o As Palavras que Nunca te Direi), ou para o enternecer (Uma Promessa para a Vida). Entretanto comecei a borrifar-me para as personagens dele. São tão sem sal, o romance sempre tão forçado e tão igual…! A culpa é do filme, Um Refúgio para a Vida, que me obrigou a lê-lo de novo. Lamento informar que é um daqueles casos raros em que o filme é melhor do que o livro. Ou isso ou seria uma seca tremenda!

A ideia com que fiquei é a de que o autor tem um casamento longo e sólido, é um homem conservador de covinhas no rosto e a mulher provavelmente bebe Diet Coke. É um good guy até no sorriso. Por isto acredito que não faça ideia do que são grandes ímpetos de amor. Atira obstáculos para o caminho dos dois inflamados responsáveis e sérios, que praticam sempre o mesmo género de piada fácil – doenças, acidentes de carro, distância (oh, esqueci-me de mencionar os problemas geográficos; não ficamos juntos porque moras longe??? – Quem Ama Acredita, As Palavras que Nunca te Direi, O Sorriso das Estrelas) – homens violentos a espancar as mocinhas e a persegui-las. É pena é que atire sempre os mesmos…

O Dan Brown já sabemos, é sabido que haverá uma morte, um mistério, algo intrincado por detrás, um inimigo quase invisível mas sempre presente, uma revelação BAM! e um sentimento de satisfação por termos, algures a meio do livro, desconfiado que fosse aquele o mau.

A Sveva Casati Modignani é outro caso sério de quem repete infinitamente a mesma fórmula. Tirando o Mister Gregory (que ademais não li) todas as obras que li dela apresentam o mesmo “guião”. Uma mulher forte, de Chanel Nº 5, quase nos quarenta ou na casa dos quarenta, a viver um casamento infeliz e tantas vezes com um cão basset. Entretanto surge a sua infância no sul de Itália, o pai operário, os irmãos inconsequentes, a vizinha velha que coleccionava peças de antiquário, a senhora rica que se encantou dela e lhe disse que devia ir para a moda/ser sua criada num palacete onde o seu filho mora e é jeitoso/estudar porque é muito inteligente. E conhece um grande empresário. E fica muito rica. 
E o empresário trai-a/ela trai o empresário. A mãe fora uma desvairada, traíra o pai. O pai era um amor de pessoa, um idealista. A avó dava bons conselhos, fazia boa comida. E com isto disse tudo o que havia a dizer desta senhora, de quem li obras como Baunilha e Chocolate, Desesperadamente Giulia, A Viela da Duquesa, 6 de Abril de ’96, Lição de Tango, Qualquer Coisa de Bom, Uma Chuva de Diamantes, etc., etc. E sempre, a cada página, com as personagens secundárias a revoltearem em torno da principal a dizer-lhe como é linda, honesta, franca, admirável. Um enjoo.

A Nora Roberts idem, cheguei ao terceiro livro e senti que já tinha lido a obra completa. Ao ler outras sinopses já sabia que ia, exactamente, dar ao mesmo. Mulheres que gostam de cozinha e jardinagem e com homens para a agricultura ou a construção civil... basicamente isto, embora esteja a ser redutora. Uma Ilha qualquer ou uma bonita paisagem na Irlanda (devo-lhe a motivação para a minha viagem à Irlanda em Setembro passado). Gostei muito da Trilogia "Herança" de Fogo, Gelo e Vergonha. Três irmãs, um ambiente familiar, pubs irlandeses, ocasionais idas a Dublin. Depois li a trilogia das "flores" Lírio isto, Dália aquilo, Rosa tal. Aborreceu-me de morte, para além de que tudo gira em torno do mesmo... Desisti dela tão rápido quanto me apaixonei, de início.

Agora pergunto: porque vamos nós dar ao mesmo? Porque é que estes autores que mencionei até ocupam um papel central nos best-sellers? Será possíveis que queiramos mais do mesmo? Eu acuso-me porque, como vêem, li vários dos mesmos autores. Mas quando é que um autor enjoa os leitores com a mesma fórmula repetidamente? Será possível que, em casos como o Nicholas Sparks, os leitores nunca se encham? Será que a isto se chama jogar pelo seguro? Voltar a um sítio que nos é confortável e não guarda surpresas nem estranhezas?

Eu escrevi dois livros sobre pequenas vilas/aldeias e sinto-me na obrigação de fugir para o Histórico ou para a cidade. Não tiro prazer algum de nadar em círculos nas mesmas águas…
Será que… não se mexe em fórmula vencedora?

Conhecem outros autores com fórmulas que queiram partilhar?

sábado, 6 de abril de 2013

#81 GUHRKE, Laura Lee, The Marriage Bed


Synopsis: 
Everyone in society knows that the marriage of Lord and Lady Hammond is an unhappy one. Everyone knows they have barely spoken to one another in over nine years. But what no-one in society knows are the reasons why ...
Lady Viola Courtland was a romantic and impulsive young girl when she fell instantly in love with the handsome and dashing Viscount Hammond. Unbeknownst to Viola, John Hammond had already given his heart to the only woman he would ever love--his cousin's wife--but he was in dire financial straits and desperately needed to marry a wealthy heiress. In Viola, he thought he had found the perfect woman--beautiful and rich with a sweet nature. But Viola was neither practical nor sensible when it came to marriage, for she fully expected her husband to love her and was determined to settle for nothing less. Soon, however, John's secret was unwittingly revealed, but by then they were married and it was too late. Until one day, John finally came to his senses and prayed it wasn't too late to win back the love of his very own wife.



My review: 

I love Laura Lee, I think she has a special sensibility for creating characters that complete each other. Their stories are usually well conducted by the writer. I loved John and even Viola, who held back but at some point stop fighting her own feelings and fought her fears. As for John, in the and, there's this little surprise that makes us like him more. I like the fact that this isn't the usual plot...

They're both working on their marriage and fighting adversities...
As for the novel, at some points (this may be absurd) but I really thought I was re-reading Gone With the Wind. At some parts it was very obvious to me that the writer was inspired by it. When a baby is born, for instance. His reaction to the baby's blue eyes and her answer...Well... I read it in two nights, so gave me a few pleasent hours.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Rayuela - iv


Durante toda aquela tarde, ele assistiu uma vez mais, uma de tantas vezes mais, testemunha irónica e comovida do seu próprio corpo. Às surpresas, encantos e decepções daquela cerimónia. Habituado sem saber aos ritmos da Maga, de repente um novo mar, uma ondulação diferente arrancava-o dos automatismos, confrontava-o, parecia denunciar obscuramente a sua solidão rodeada de dissimulações.
O encanto e o desencanto de passar de uma boca para a outra, de procurar de olhos fechados um pescoço onde a mão dormiu, recolhida, e sentir que a curva não é igual, que tem uma base mais espessa, um tendão brevemente tenso com o esforço de se aproximar para beijar ou morder. Cada momento do seu corpo frente a um desencontro delicioso, ter que esticar-se um pouco mais ou que baixar a cabeça para encontrar a boca que antes estava ali tão próxima, acariciar uma anca mais definida, provocar uma resposta e não a obter, insistir, distraído, até se perceber que é necessário inventar tudo mais uma vez, que o código ainda não foi estabelecido, que as chaves e os números vão nascer novamente, e serão diferentes, e responderão a outra coisa. O peso, o cheiro, o tom de uma gargalhada ou de uma súplica, os tempos e as precipitações, nada coincide sendo sempre igual, tudo nasce novamente sendo imortal. O amor brinca a inventar-se, foge de si mesmo para regressar na sua espiral acolhedora, os seios cantam de outra forma, a boca beija mais profundamente ou como que vinda de longe, e num momento onde antes havia apenas cólera e angústia, existe agora o jogo puro, a brincadeira incrível, ou pelo contrário, à hora em que antes de caía no sono, no balbuciar de algum disparate, existe agora uma tensão, algo não comunicado mas presente, que exige entrar, qualquer coisa como uma raiva insaciável. Só o prazer no seu estado último é ele mesmo; antes e depois o mundo ficou desfeito em pedaços, e é necessário nomeá-lo novamente, dedo por dedo, lábio por lábio, sombra por sombra.

cap. 92