Sobre "O Funeral da Nossa Mãe"

Sinopse

Quando, aos 58 anos, Carolina Alves decide pôr termo à vida, deixa um pedido concreto às suas três filhas: que se reúnam na festa em honra da padroeira da vila e que recuperem os laços de sangue que as consagram irmãs. Luísa emigrou para Paris, decepcionada com a frieza da mãe, Cecília é pianista e vive num alheamento artístico constante e Inês refugiou-se na política para fugir à negligência da família. Com a ajuda da tia Elisa, vão regressar aos campos de alfazema da infância e desvendar ao longo de quatro dias o passado inesperado de Carolina. Os seus erros indesculpáveis, as suas fraquezas e falsas vulnerabilidades e, numa reviravolta inesperada, o acto vil que lhe permitiu prender há trinta e oito anos aquele que viria a ser o pai das suas filhas…

Excerto 1:
«Amava‑o, amei‑o, amo‑o tanto, que nunca parei para pensar que ele se foi. Que ele já não existe no mesmo plano em que subsisto. Se parasse para pensar nesta realidade da ausência física dele, daria em doida. Morreria de desgosto, e isso não me traria dignidade, embora fosse mais justo. Mais adequado até, ao final da minha história. Mas
pressuponho que não seria capaz de suportar essa dor – a dor de saber, sem reservas, saber que ele morreu. Que ele morreu e que eu continuei a viver. A distância separava‑nos, não haveria nada que eu pudesse fazer. Excepto, talvez, atravessar o meu corpo no caminho do carro que foi contra o dele. Talvez assim ele passasse desimpedidamente do outro lado da estrada, quem sabe abrandando apenas um pouco  para espreitar pela janela para a azáfama de paramédicos e metal comprimido na faixa oposta. Quem sabe isso tivesse funcionado, se ao menos a distância não se tivesse interposto entre nós. Surpreendeu‑me saber que ele subia. O carro dele subia, a vida dele subia. Não para Sul, de onde julguei que não regressasse, mas para o Norte. Para o Norte que éramos eu e vocês, mulher e filhas, mesmo depois da nossa última discussão. Talvez ele viesse apenas buscar as suas coisas. Parece‑me mais vivo quando analiso as circunstâncias deste prisma. Assusta‑me pensar que se foi, a cada vez que a minha consciência roça essa verdade absoluta e incontornável. Como é suposto que alguém que ame seja obrigado a reunir suficiente sangue frio para gravar palavras de amor no epitáfio do objecto do seu afecto? Parece‑me mais antinatural do que um filho partir antes do pai. Como era suposto que, no espaço exímio de uma lápide, se gravem anos de vivências em conjunto? No nosso caso, como conseguiria gravar a intensidade dos sentimentos que calei durante anos? Bastaria escrever «amo‑te» para resumir tudo? Mas actualmente a juventude grava «amo‑tes » em grafite nas paredes das ruas mais banais. Quem passasse naquele corredor do cemitério e fitasse a campa com o nome daquele que determinou o rumo de cada dia, de cada hora da minha vida, e lesse «amo‑te» compreenderia tudo? Estou a aproximar‑me perigosamente da realidade da morte do vosso pai. Tenho que mudar de assunto. Vou regar as plantas. Vou fazer sopa para logo. Vou contar comprimidos.»

OPINIÕES DOS LEITORES


Classificação: 4/5

Depois de ter lido "Demência" e de ter terminado há minutos este "O Funeral da Nossa Mãe", acho que fiz mal. Porque agora, o que tenho para ler da autora? Não há livros novos dela... e agora? Tudo bem, tenho ali um conto, que não vou ler para já, para não se acabar! E porquê? porque a escrita da Célia continua absolutamente sublime. De se lhe tirar o chapéu!

Estas 437 páginas são apenas os cinco dias que decorre entre a morte da mãe, o velório e o funeral propriamente dito. Mas desengane-se quem pense que será um livro mórbido. Nada disso. Nele, a morte de Carolina junta três irmãs obrigatoriamente e incita-as a desvendar o passado delas, basicamente a fazê-as perceber quem elas são de facto.

Gostei muito, mais uma vez, da narrativa, daquele vaguear entre o presente e o passado, tão bem ligados, e escritos de modo a criar emoção no leitor. Confesso que não me emocionei ao ponto das lágrimas, mas sustive a respiração algumas vezes e noutras tantas exprimi um ar de espanto. Outra coisa que também gostei muito foi da relação entre a Inês e o João Pedro, que não [vou] contar para não estragar a surpresa a quem ainda não teve a oportunidade de ler o livro.

O que me deu vontade a certa altura, durante a leitura, foi enfiar-me numa aldeia recôndita deste nosso Portugal e começar a deslindar histórias escondidas, segredos por revelar, enredos ocultos por entre todas aquelas vivências. É um livro que nos faz isso: pensar. Pensar em nós, nas nossas atitudes e, sobretudo, nos nossos erros. Erros que todos, sem excepção cometemos.

É um livro sobre renovação, renascimento, redescoberta de nós mesmos. Todos podemos dar um pontapé nos nossos erros do passado. A vida é o que vai à frente e citando alguém que desconheço "quem olhar para trás tropeça".


Classificação: 4/5

“O Funeral da Nossa Mãe” é um livro que nos toca no coração.


Célia Correia Loureiro, um jovem e fantástica escritora portuguesa, traz-nos a história de três irmãs: Luísa, Cecília e Inês. Estas há muito se encontram distantes umas das outras, com rumos diferentes de vida.  O livro centra-se no dias após o suicídio de Carolina, a mãe das três irmãs. Esta decide pôr termo à sua vida, deixando um ultimo pedido às suas filhas: de que estás se reunissem na festa em honra da padroeira da vila – Vila Flor, pleno Alentejo. Esta vila é a terra natal de Carolina e também é o local onde as suas filhas viveram parte das suas infâncias e juventudes. Mas quando estas chegaram à idade adulta, as suas vidas seguiram rumos opostos. Luísa, imigrou para Paris, decepcionada com a frieza que a sua mãe aparenta, Cecília torna-se uma pianista conceituada e vive num alheamento artístico e Inês, a mais nova das irmãs, dedica-se à política de forma a fugir à negligência da própria família.Durante o fim-de-semana de festa em honra da padroeira, decorrerá as cerimónias fúnebres de Carolina, e será durante esses dias, que as irmãs, com a ajuda da tia Elisa, irmã de Carolina, regressarão ao passado de forma a desvendar todos os segredos de Carolina e da família e todas as questões que permanecia na mente nas suas mentes. Serão ainda discutidos os erros e as fraquezas de Carolina e descobertos os seus “podres” e finalmente, um acto vil cometido por Carolina.No que diz respeito à minha opinião, este é o primeiro livro que leio da Célia, e de facto a escritora surpreendeu-me pela positiva. Célia tem atenção ao mais ínfimo pormenor, explicando de forma detalhada o carácter e a personalidade de cada uma das personagens, que admito, ao início não achei piada alguma, pois achava que ela pôr “palha” no livro. Mas no decorrer da minha leitura, percebi que cada pormenor escrito anteriormente faz todo o sentido e é extremamente necessário para conseguirmos perceber as atitudes das personagens.A história é fantástica, pois apesar de esta se centrar na vida, ou melhor, na morte de Carolina, acaba por contar também a história de vida de cada uma das irmãs, dos seus amores, do pai das mesmas, já falecido, e de uma paixão deste. Por fim, o livro envolve uma última personagem, bastante importante para esta história e que para mim é a “cereja no topo do bolo”.Os meus sinceros parabéns à Célia, por este livro e conto em breve falar aqui também do outro livro – “Demência”.

Ler, Um Prazer Adquirido

Classificação: ?


Um romance de emoções e afetos.
Já há algum tempo que descobri a alma lusa em inspirados e bem escritos romances de autores portugueses, contrariando assim o meu ceticismo e desconfiança sobre a capacidade e competência dos mesmos de me agradarem com um romance que fica na memória. Claro que não me refiro aos conceituados e indiscutíveis autores da nossa literatura, mas a novos autores quase anónimos. Parabéns, este é mais um belíssimo exemplo. Claro que sinto admiração e congratulo quem o consegue fazer tão bem.
Uma história de picos quando são revelados segredos do passado das personagens. Na sinopse, percepcionamos que se tratam dos segredos de Carolina desvendados com a sua morte e que deram origem à difícil relação afectiva dos pais, mas é muito mais do que isso. A justificada aproximação das três irmãs e a convivência forçada por tão triste evento vai permitir exorcizar todos os fantasmas e avaliar tudo o que sabiam do passado conjunto e dos seus reais sentimentos. Uma catarse.
Analítica e muito descritiva dos ambientes, ideologias e caraterização das personagens é o que considero o ponto fraco desta leitura porque marca o ritmo como pausado (e não compulsivo como aprecio), até que uma nova revelação fosse apresentada ao leitor. Ainda assim, devido a uma boa conjugação de acção e emoção, gostei muito deste romance. A empatia e proximidade com as personagens que "não são a história de ninguém mas serão certamente a história de alguém" tornam-na cativante e envolvente porque todos temos segredos e histórias a contar.

Ler é Viver


Classificação: 5/5



Como já sabem sou uma leitora cheia de curiosidade acerca do que se escreve em Portugal. É com muita pena minha que não consigo ler mais ainda, por falta de tempo, pela profissão e família que me absorve e pela falta de verba para os livros, que são cada vez mais produtos de luxo no nosso país, infelizmente!
Fui uma das primeiras leitoras de “Demência”, o primeiro livro da Célia. Foi uma surpresa e uma certeza de que estava perante uma escritora de mão cheia, que está em crescimento e que ainda nos vai dar muito mais. Aguardava com expetativa este segundo livro, porque já era muito falado no Goodreads, porque sabia que a ação decorreria no “meu” Alentejo e porque era um novo livro da autora.
A leitura não me dececionou, muito pelo contrário, só veio confirmar as minhas certezas, certezas que se prendem com o facto de estarmos perante uma magnífica escritora, uma contadora de histórias que nos prendem do princípio ao fim da narrativa. Adoro romances e os livros da autora preenchem todas as minhas exigências nesse campo, com a vantagem de serem nossos, de nos tocarem, de serem bocadinhos de nós, de serem “histórias de alguém” de serem as nossas histórias.
A narrativa que alterna entre o passado e o presente de três irmãs que se juntaram no funeral da mãe é extremamente marcante, profunda, cheia de segredos estranhos, mas reais, nada previsíveis e que influenciaram a vida de uma família e de algumas pessoas em redor. Três irmãs diferentes, a mais velha com uma personalidade bem marcada, forte e independente; a do meio mais romântica, apaixonada e tolerante e a mais nova esquiva, desconfiada, insegura. Três irmãs iguais na profundidade dos sentimentos e na vontade de saberam mais sobre o seu passado para entenderem o presente. Estas personalidades foram moldadas pelas vivências de cada uma, pela relação com os seus progenitores, pela forma de se sentiram ou não amadas. As escolhas dos seus pais traçaram o caminho da família de forma intensa e por vezes quase cruel. Foram pais que se amaram muito, mas que não souberam demonstrar esse amor de forma a transmitir segurança às suas filhas, foram pais que por vezes não souberam perdoar-se de forma clara e aproveitar a tão curta vida que tiveram. No entanto, e após desvendados os segredos, estas irmãs conseguiram fazer as suas escolhas, perdoar ou compreender e seguir em frente sem receios.
Narrativa impecável, personagens bem estruturadas, estória bem conseguida, fazem deste livro um livro a não perder. Adorei o contexto da história, no Alentejo, no distrito de Portalegre, aqui à porta de casa. Passeei por Vila Flor, como se ela existisse realmente, estive em todos os lugares referenciados e adorei que o piano tivesse sido comprado em Sousel, onde vivo. Esta palavrinha, no meio da narrativa encheu-me de orgulho! Até parecia que eu fazia parte da estória, que estava lá também.
Para finalizar, tenho uma só pergunta a fazer: Quando sai o próximo?


Classificação: 4/5

Já li este livro há alguns meses, e na verdade foi um dos livros que mais demorei a ler nos últimos tempos. Não por desgostar da leitura ou por não ser um bom livro, nada disso, mas sim por razões pessoais. Quem sabe, um dia, ainda pegue nele novamente e o leia de seguida como gosto realmente de fazer.
Nunca tinha lida nada da autora até ter recebido este livro e ter decidido pegar nele. Já tinha lido opiniões bastante positivas do primeiro livro de Célia, "Demência", que me aumentaram a curiosidade perante este. E na verdade as expectativas que tinha não saíram  de modo algum, furadas, e a surpresa com a autora foi ainda maior.

Ao longo das 435 páginas a autora dá-nos a conhecer a história de vida das personagens e dos seus familiares, os seus segredos mais bem escondidos e por desvendar, que vão sendo, aos poucos, descobertos, como se de um puzzle se tratasse, e então, no fim, tivéssemos todo um magnifico e arrepiante quadro perante nós.

Conta-nos a história de Carolina, que deixa uma carta às suas 3 filhas, quando se suicida, juntando assim a família naquele que será o seu funeral. Assim, e com ajuda de uma tia, ao longo de 4 dias, as irmãs descobrem o segredo que sua mãe carregou durante toda a vida e que vai desmoronar a imagem que tinham dela.

Conhecemos assim três personalidades tão distintas que é quase impossível não nos identificarmos com alguma delas, e mais difícil ainda não nos afeiçoar-mos a elas como se fossem reais. Luísa,a irmã mais velha, uma mulher independente e despegada, de relações superficiais, que se mudou para França e vive imersa no seu trabalho. Cecília  a irmã "do meio", dedicou-se à arte como pianista, mas acima de tudo dedicou-se a tentar ter uma família  um marido. Voltou a viver na aldeia onde viviam com Carolina. É vista como uma mulher frágil e insegura, e que não luta por aquilo que realmente quer. É uma sonhadora que vive com os pés demasiado assentes na terra. Tenta, ao longo do enredo, desculpar os segredos cruéis e o acto vil que a mãe cometeu, não apenas para os outros, mas especialmente para ela própria não deixar morrer a mãe que julgava conhecer. E por último Inês, a irmã mais nova, uma jovem fria e revoltada que esconde consigo um segredo do seu passado que fez com ela carregasse uma mágoa demasiado pesada para alguém tão jovem, sendo essa a razão para esconder os seus medos debaixo da capa de Inês forte e independente que ela tenta demonstrar aos outros.

Ao longo de toda a história presente, e de irmos conhecendo todos estes personagens, Célia vai-nos contando o passado de Carolina e de Lourenço, pai das meninas, através de analapses. Ao recuarmos no tempo vamos construindo assim, na nossa imaginação mais duas personagens, e é assim que conseguimos, nas últimas páginas, fechar o livro e termos o quadro completo daquela familia que aparentava ser tão correcta e perfeita mas que, no fundo, foi construída sob pilares tão frágeis que rapidamente iriam ruir.

Com uma escrita extremamente descritiva, podendo por vezes tornar-se um pouco em demasia, e bastante romantica, Célia Loureiro leva-nos por paisagens de uma aldeia que podia muito bem ser aquela Aldeia onde passavamos férias quando eramos miudos, ou aquela aldeia onde os nossos amigos iam visitar os avós.

É ao ler obras destas, e ao fechar livros como este que me apercebo que temos realmente autores portugueses fantásticos e que apostamos tão pouco neles em vez de os enaltecermos por aquilo que tão bem fazem.

Um excelente livro que espero vir a reler numa altura em que esteja unicamente dedicada à leitura. Aconselho.


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Classificação: 5/5


Foi, sem dúvida, uma leitura apaixonante.

Quando iniciei este livro, nunca pensei que fosse encontrar tamanho enredo. 

À partida, fui levada a pensar, pelo título e pela belíssima capa, que se trataria de uma história, ao estilo de "O diário", em que as filhas, após a morte da mãe, fossem descobrir a linda história de amor dos progenitores. Bem, não podia estar mais enganada.

Carolina suicida-se, logo no prólogo. Deixa uma carta às três filhas a explicar que foi uma decisão tomada com plena consciência e um desejo que alvejava há anos, adiado pela necessidade destas da sua existência. 

Confesso que, logo aqui, franzi o sobrolho a esta mulher, que me pareceu muitíssimo desequilibrada. Não propriamente pelo ato em si, mas pelo discurso que acompanha este momento. Mais tarde, vim a confirmar esta teoria e percebi que Carolina é uma personagem imensamente complexa, calejada de defeitos, dos mais irritantes no sexo feminino.

No entanto, o enredo vai muito além da sórdida história do passado de Carolina e Lourenço. As três mulheres, filhas deste casamento, trazem consigo (cada uma à sua maneira) as chagas de um crescimento com uma mulher que amava demais, mas da forma errada.

Luísa, desapegada, de personalidade aparentemente forte, vive rodeada do trabalho e de relações superficiais. Recusa-se a ouvir o coração, quando este se manifesta. 

Reflexo do pai, Luísa é um pássaro livre, uma mulher com garra, mas que se teme a si mesma, teme perder-se por se deixar sentir.

Cecília, a irritante Cecília, é a irmã que viveu à sombra da mãe. Estagnada na aldeia que cresceu, sofrendo irremediavelmente a dor da progenitora a cada momento que a verdadeira faceta de Carolina se manifesta. Cecília não consegue mergulhar naquilo que quer, apesar de não haver dúvidas no seu coração. Ela espera que o mundo lhe ofereça tudo de bandeja. É protegida pelas restantes personagens, que a veem como um ser frágil, apesar de ter sido a irmã mais afortunada das três, enquanto criança.

Inês está totalmente quebrada. Carrega um segredo, carrega dúvidas, carrega uma dose de mágoa que a impede de viver.

Inês foi sem dúvida a personagem que me confundiu mais, que me deixou sem fôlego, que trouxe mais emotividade, a par de Afonso.

Importante será dizer que, como amante de personagens que sou, fui premiada com um leque de personalidades distintas, únicas, confusas e cinzentas; exatamente como o ser humano é. É tão fácil amar estas pessoas e detestá-las no momento seguinte, tal é a imprevisibilidade das suas ações. Foi este toque de intimidade, que a autora permite com a sua meticulosidade na impressão dos traços de perfil, que me fez mergulhar de cabeça neste mundo que poderia sair diretamente da vida, sem qualquer toque de ficção.

"O funeral da nossa mãe" vem juntar-se ao "Demência", como uma obra especial, que merece atenção por parte dos leitores.

Tenho ouvido falar em evolução, do "Demência" para o "O funeral da nossa mãe, porém, eu não consigo ver isso, pois, na minha opinião, a Célia já era gigante, logo na obra de estreia. "O funeral da nossa mãe" apenas adotou novas táticas de escritas que são bastante subjetivas, não qualificando o livro como bom só pela tecnicidade imprimida. A qualidade da Célia está na sua capacidade de criar mundos, criar pessoas, à qual os leitores se veem imediatamente rendidos. A emoção está em cada gesto, em cada palavra, nos rumos que eles tomam. É tão fácil esquecer, com ambos os livros, que estamos perante uma história fictícia, tal é a verosimilhança com o real. É fácil sentirmo-nos tristes, felizes, rir ou até chorar com os momentos descritos.

Aliás, no que toca à tecnicidade, confesso que não me sinto atraída por algumas opções que autora tomou para esta segunda obra. Os locais, o ambiente está todo descrito, não chegando ao ponto da exaustão, mas, ainda assim, um pouco em demasia. As pausas são curtas e carecia de mais parágrafos. O livro não tem capítulos, é dividido por partes, e isso pode cansar um pouco. No entanto, estes pontos (que para mim são pouco relevantes, quando se tem uma boa história) apenas conseguiram com que não tenha conseguido ter uma leitura compulsiva, que era o que este livro merecia.
Com isto, quero dizer, que a Célia não tem necessidade de florear demasiado as suas obras, pois o talento já lá está e não merece estar escondido.
Aconselho vivamente este livro, o anterior e, com certeza, estarei atenta aos vindouros.
Parabéns, Célia, repito-me: Quando há talento, há!

Claro como a Água
"Quando penso em enredos em torno de famílias, vêm-me à memória obras como A Casa dos Espíritos de Isabel Allende,  Pássaros Feridos de Colleen McCullough e, agora também, O Funeral da Nossa Mãe de Célia Correia Loureiro."

Mensagem aos leitores (2012)

7 comentários:

  1. Boa sorte com o lançamento. Onde é ? Na FNAC ?

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  2. Bom dia Adélie,
    O lançamento vai ser na Biblioteca Municipal José Saramago, no Feijó/Almada :)
    É bem vinda!!!

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  3. Célia, um must read, e terá também review obrigatória no Livros Nossos.

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  4. Em Feijó/Almada? Então dependendo do dia/hora talvez até consiga ir ^^ (estudo na fct lá no monte)

    O teu primeiro livrinho já está na mesa de cabeceira :D Esta semana devo começar a lê-lo :D

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    1. Acho bem que venha!!!
      Estou super entusiasmada com este segundo lançamento, será mais maduro e mais ponderado que o primeiro :)

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  5. Gostei muito da Sinopse deste livro.

    A Célia está de parabéns, o livro parece ser maravilhoso.

    Concerteza o pretendo adquirir em breve.

    Desejo o maior dos sucessos.

    Teresa Araújo
    http://romances-de-mesinha-de-cabeceira.blogspot.pt/

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