quinta-feira, 14 de junho de 2012

viagens


Só para agradecer ao universo o feliz – o realizada – que tenho sido ultimamente. Estou a caminhar no chão que sempre quis calcorrear. Lancei um livro – a bem ou a mal, é qualquer coisa – sou lida e apreciada (mais por uns do que pelos outros), e basta-me um simples leitor que me queira ler para eu continuar a escrever. Minto – e não deveria mentir, porque me é óbvia a verdade – se ninguém me lesse, eu continuaria a escrever para mim.

Tenho corrido o Alentejo – campos de alfazema e Ribeira Grande, sombras de azinheiras libelinhas, passeei nas Tulherias e observei a Torre Eiffel a partir de la Défense, com O Funeral da Nossa Mãe (sai em Outubro, dia 20 em princípio). Fui até à aldeia da minha avó com o Demência, subi e desci formações graníticas, rodeei-me de ciprestes, acariciei as lápides dos meus antepassados, sorvi o odor da terra (que também sua, também chora), e desci até ao interior do Algarve num romance que escrevi em 2008 e que ainda não trabalhei melhor, mas que fala de abelhas e de borboletas, da Ribeira do Carvão e das Areias, de Vila Real de Santo António, de colmeias (o perfume do mel), de chapéus de palha, de beijos à chuva e de amarguras e religião. Agora, estou pelos vales do Douro, subi país acima de berlinda, sentei-me no Chafariz de São João e chorei as lágrimas da Mariana. Os franceses vêm aí – oh, Lisboa no século XIX! As vendedeiras de castanhas, de tripas, de rosários, de pão e de peixe… varinas a gritar no “Rocio”. Isto na escrita…


Nas leituras?

Estou ao largo da Ilha de Monte Cristo, perto da Toscana, com o Dumas. Vamos voltar a Marselha e, daí, rumar a Paris não tarda nada. Estou também nos lagos dos Alpes, mais acima no Polo Norte e, às vezes, em Genebra com a Mary Shelley e o Dr. Victor Frankenstein. Em breve darei um pulo à Transilvânia para conhecer o Conde Drácula, quem sabe ser sua hóspede. Vim há pouco da Terra de Neve, no Japão, deliciei-me nas termas e enregelei sob os cedros. Estou na Índia, no funeral de uma menina que foi atropelada, n’O Deus das Pequenas coisas. Fui até Capri com a Elissande da minha adorada Sherry Thomas há pouco (que, a propósito, me respondeu hoje com um e-mail suuuuper simpático onde confessou ter de escrever na casa de banho e num armário de vassouras porque os filhos a exigem a todo o instante) – vá lá rapazes, deixem a mãe continuar a fazer-nos felizes! Ah, desci há não muito do Monte dos Vendavais… Passei também pela Guerra Civil Americana e vi Atlanta devastada, uma civilização que o Vento Levou… Também emergi o fim-de-semana passado do vinte e cinco de Abril e, nesse mesmo fim-de-semana, fui a Viena e a Monte Carlo com a Srª C., enganada por um velhaco viciado em Jogo, foram Vinte e Quatro Horas na Vida dessa Mulher.

E há as caminhadas no campo, os nossos passeios – a Irlanda agendada para o 11 de Setembro, far-se-á História. A minha história.
Viajar é o meu destino, sempre foi. A vida tem mais é que sacudir quem ameaça afastar-se do seu destino.
Adeus, au revoir! Tenho um bilhete para o Expresso do Oriente. À demain, à bientôt, à jamais!
(Louvre, Fev. 2011)
Liberté, Marianne!

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