Título
oficial: Captain Phillips @ 2013
Realizador: Paul Greengrass
Banda
Sonora: Henry Jackman
Actores
principais: Tom Hanks, Barkhad Abdi
Classificação
IMDb: 8,1
Minha
classificação: 7
Prémios:
~
Quando
estudei Psicologia, e mais tarde Ética, lembro-me de abordar um tema delicado.
O sacrifício de uma colectividade por um indivíduo, ou de um indivíduo pela
colectividade. Ontem, quando saí da sala de cinema, ainda não tinha dissecado o
“Capitão Philips” a fundo. Se me perguntassem o que achei do filme, diria: “Foi
a América a fazer-se de bonita, heroína e salvadora do dia, como sempre”. O
filme é emotivo, por vezes de uma tensão tão aguda que dei por mim a tremer na
cadeira também. É violento – às vezes uma troca de olhares, um murro, são mais
violentos do que o descarregar de uma metralhadora em alguém. A expectativa de
violência também contribui para a mesma.
Hoje,
quando me perguntei porque é que não adorei o filme, entendi. Pare de ler agora
quem está interessado em vê-lo, porque vem spoilers.
O filme é o esmagamento de uma pequena nação, empurrada para a dita violência e
para a pirataria e outros gestos desesperados, por uma nação muito maior. É o
esmagamento de quatro indivíduos convictos, corajosos – ainda que os seus
motivos não sejam os melhores nem o seu incentivo o mais honrado – para
promover o salvamento de um quarto. Inocente, sim, mas, à luz das
circunstâncias de um país e doutro, também os outros quatro indivíduos eram
meras vítimas das circunstâncias.
O que se
vê é o debater de um pequeno inimigo – inculto, ingénuo, despreparado, munido
apenas de armas de fogo e aspecto feroz – contra um outro incomensurável. A
América monta um pequeno teatro de guerra para recuperar o capitão, para se
assegurar que o salva-vidas em que segue, refém dos piratas, não abandona as
águas internacionais. Fá-lo mecanicamente, como que seguindo um protocolo
simples. Abater três alvos, enjaular um quarto, salvar uma pessoa cuja vida se
assume mais valiosa do que as outras quatro. Ok, I get it, inocente e tal, estava muito bem na vida dele e os
piratas sabiam no que estavam a meter-se mas…
Pronto,
já disse o que tinha a dizer. Serei a única pessoa a achar que o filme é sobre
o desespero dos Somalis? A falta de opções, de recursos desses pescadores?
Serei a única pessoa a achar que o filme não deveria ser sobre o Capitão branco que viveu
uma bonita vida e sim sobre os jovens negros empurrados para o seu encalce?
O filme nem sequer se deveria chamar "Captain Phillips". Eu chamar-lhe-ia, apenas, "Captain/s".
Sem comentários:
Enviar um comentário