Sinopse: Tatiana vive com a família em
Leninegrado. A Rússia foi flagelada pela revolução, mas a cidade mais
cosmopolita do país guarda ainda memórias do glamour do passado. Bela e
vibrante, Tatiana não deixa que o dramatismo que a rodeia a impeça de sonhar com
um futuro melhor. Mas este será o pior e o melhor dia da sua vida. O dia
fatídico em que Hitler invade a Rússia. O dia assombroso em que conhece aquele
que será o seu grande e único amor.
Quando Tatiana e
Alexander se cruzam na rua, a atração é imediata. Ambos sabem que as suas vidas
nunca mais serão as mesmas. Ingénua e inexperiente, Tatiana aprende com o jovem
soldado os prazeres da paixão e da sensualidade. Atormentado pela guerra e pela
incerteza quanto ao futuro, Alexander descobre a doçura dos afetos. E, enquanto
as bombas caem sobre Leninegrado, eles vivem um amor que sabem ser eterno mas
impossível. É um amor que pode destruir a família de Tatiana. Um amor que pode
significar a morte de todos os que os rodeiam. Ameaçados pela implacável
máquina de guerra nazi e pelo desumano regime soviético, Tatiana e Alexander
são arremessados para o vórtice da História, naquele que será o ponto de
viragem do século XX e que moldará o mundo moderno.
É o primeiro volume da trilogia Tatiana & Alexander.
Opinião: Não me é fácil, tendo já lido tanta coisa,
encontrar um livro que abra caminho por entre os outros na minha atenção e
gosto pessoal. Descobrir um obra como O
Cavaleiro de Bronze (para mim é este o nome dele, bem como o único que faz
sentido) - e, mais sorte ainda, saber que se trata de uma trilogia - é fonte de
um prazer que se há de prolongar em mais dois volumes. A sinopse anuncia um
grande amor; mas este livro é bem mais do que isso. Para mim, que em tempos fui
romântica mas que ainda não me esqueci do que é amar, para mim, que sou uma
apaixonada da História, este romance significa esses dois ingredientes levados
ao expoente máximo. Estamos na II Guerra Mundial e eu conheço o contexto em que
tudo se desencadeou sem ir ao google.com: Hitler
sobe ao poder em 33, prepara a máquina de guerra mais poderosa da Europa, anexa
a Áustria em '38, sob aprovação da restante Europa, reunindo dois imponentes
aliados da I Guerra Mundial, e invade a Polónia. Tem um pacto de não agressão
com a Rússia, apenas porque desconfia que podem aniquilar-se mutuamente. O
que este livro acrescentou - e eu sabia
que a Rússia foi essencial para a derrota do Hitler na Europa - foi que os
russos andavam a dormir enquanto a máquina de guerra do Hitler se ia tornando
mais mortífera. O livro arrasta-se do verão de 1941, quando a URSS é invadida,
até 1943, quando estão perto de inverter a nação em desvantagem. O livro é tão
poderoso que me foi físico. Para além do frio veio a fome - estava
constantemente com fome na primeira metade do livro. Pus-me em pé tardiamente e
disse ao meu irmão "este livro é só fome". Depois custou-me um pouco
explicar-lhe que isso era bom num livro enquanto mordiscava uma côdea de pão
sem mais nada, por solidariedade às personagens que, com racionamentos, nem
isso tinham para comer. A dado momento, o livro também foi só frio. Menos 30º.
Gelei, os cobertores eram poucos. Depois foram morteiros e espingardas e P-35 (será mesmo 35? é que essa pistola é
alemã, espero não me ter enganado), foram estradas sobre lagos gelados e
camadas de gelo a estalar. Um mergulho no dito gelo. Foram a russa soviética -
a Rússia dos bufos, da NKVD (polícia política russa?), do comunismo exacerbado
e prejudicial à saúde.
A Tatiana e o Alexander conhecem-se a 22 de junho, quando
a Rússia, através dum comunicado na rádio, informa que a Alemanha violou o
pacto de não agressão e, como tal, é doravante sua inimiga no conflito que vai
arrastando, aos poucos e poucos, mais nações. Conhecem-se quando ela está
despreocupadamente a comer um gelado num dia que ficará para a história da sua
pátria. Desde aí, desenrola-se uma série de desenganos e, por vezes (o que em
momentos lamentei mas que, a longo prazo, virando a última página, se revelou
satisfatório) discussões a meias-palavras. Não aprecio muito rodeios mas a
modos que, neste livro, se justificam todos. De início detestei a Tatiana,
pareceu-me leviana. A comer gelados quando todo o dinheiro era levantado dos
bancos e a comida esgotava nas prateleiras dos estabelecimentos! A dar voltas
intermináveis no autocarro até aos limites da cidade e a regressar porque o
soldado que conhecera na paragem lhe parecia atraente ou magnético. Enfim, eles estavam destinados e isso torna-se evidente
sobretudo a partir da segunda metade do livro. Compreendo o amor deles a partir
daí - ambos querem ser possessivos por si e oferecer liberdade pelo outro, ambos o querem só para si
mas compreendem (ou discutem) a necessidade que o mundo parece ter do outro.
Dificilmente se posicionam do mesmo lado numa discussão e achei isso
estimulante. O Alexandre sim, é bem o homem dos meus sonhos. Dá murros na
parede e saltam-lhe lágrimas dos olhos quando está a ferver, mas nessas alturas
quase nos é possível (leitor) descortinar com clareza as suas intenções e a sua
linha de pensamento sem que o livro o formule. E a Tatiana... identifico-me
bastante com ela. Porque é teimosa como uma burra e não confia no juízo de mais
ninguém que não no dela própria. Só segue a sua cabeça, para o bem e para o
mal. É corajosa e sacrifica tudo pelo Alexander, porque ele vale a pena.
Quando terminei ontem o livro estava desconcertada. Com a
sensação de assistir ao desfecho de uma obra épica, com todos os contornos de um
clássico, que quero muito ver
adaptada ao cinema!
Como ponto um bocadinho mais fraco, mas que nada rouba ao
livro e até pode acrescentar para algumas leitoras, compreendo que a autora
queira levantar véus sobre a intimidade das personagens para que, desse modo,
compreendamos a dimensão admirável da sua comunhão. Mas houve ali uma série de
páginas (bastantes) em que já estava a haver intimidade a mais na minha modesta opinião. Compreendo a importância daquele
verão em Lazarevo, mas gostaria de ter visto o livro a desenvolver-se mais
rápido a partir daí.
Raramente estou na penúltima página de um livro de 688
páginas e a desejar que ele não acabe.
Pelo contrário, ando é mais rápido a ver se o termino, classifico, comento, e
passo ao próximo. Mas neste bateu-me uma angústia... A última parte é tão
bonita...! Todo o livro o é.
A autora não teve escrúpulos; obrigou-me a penar até
poder ler o próximo!
Como te entendo...adorei a opinião! Senti isso tudo também!!!
ResponderEliminarAmei a tua opinião! Quanto à parte "íntima" o amor tb é isso. Acho que complementa muito bem pois mostra o quanto estes dois eram uma só carne e corriam nas veias um do outro. A autora foi ao âmago na fome, no frio e tb no amor. Ocultar essa parte para mim seria uma contrasenso tendo em conta que ela foi tão crua noutros aspectos. Seria quase uma hipocrisia. É por isso que gosto deste tipo de romances históricos mais ousados pois vão além dos romances históricos que "esquecem" que o sexo sempre existiu e que não precisa de ser escondido (afinal estamos no século XXI). bjs
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