Opinião: Way to go, Liliana! É tudo o que me ocorre quando acabei, há cinco minutos, o mind blowing que foi terminar o “Inverno de Sombras”. Foi-me outra chapada sem mão. O que li eu de fantasia na minha vida? Dois livros do Tolkien – que apreciei bastante, sim – e o Harry Potter. Ah, o Frankenstein pode ser considerado fantasia? Li os livros da Andreia Ferreira, que me introduziram neste mundo, and that’s it. E aqui a Célia, que faz um esforço sobrehumano para mergulhar nisso das vampiragens, fantasmas, lobisomens, feiticeiros e bruxas – e que foge a sete pés da Alice no País das Maravilhas – está boquiaberta com a maravilha que acabou de ler. Mais outra peça-chave no mundo trémulo da ficção fantástica onde continuo a dar passinhos de bebé.
Imaginação para mundos que não existem? Não tenho nenhuma. Costumo ter até uma certa dificuldade em abstrair-me. Mas verdade seja dita que poucos livros tiveram de mim o entusiasmo que o Harry Potter conseguia sem esforço. Ler – acreditar – (n)um livro de fantasia nesta fase da minha vida abriu-me portas e inúmeros caminhos por explorar.
Antes de mais, cumprimento a autora pela imaginação brilhante e pela capacidade de lógica e raciocínio que foram essenciais à edificação deste romance. Fácil? Garanto que não foi, embora ela tenha uma clara desenvoltura nesta área. Depois as personagens; mesmo que pertencessem ao mais aborrecido dos cenários, são multidimensionais, bem caracterizadas, com linguagens, gestos e atitudes próprias. Cativantes, todas elas.
Para quem está curioso, informo que esta sinopse é das poucas que não mentem: há mesmo mistério, acção, romance. Ninguém está totalmente desprovido de culpas, ninguém é cem por cento mau, todos têm segundas intenções, ninguém é o que parece. Preparem-se para muitos twists, muito peito apertado, muito suspense, muita angústia. Senti tudo isto – polvilhado com risos difíceis de disfarçar – conforme lia. A autora arrancou-me todas essas emoções, imergiu-me desse modo tão eficaz numa trama tão impensada.
Para quem vai ler agora, respondo às dúvidas que tive na primeira centena de páginas, quando via que só se falava dos segredos da Andrea, do Danton, da Anne. Quem seria esta gente? Porque não falariam eles no doce Pierre? Acreditem; o Danton será tudo o que vos interessa e reúne todos os ingredientes que considero essenciais a uma boa personagem (sobretudo masculina). Aquela perturbação, aqueles impasses, o redimo-me ou não? O – há alguma coisa de que me redimir? – conquistaram-me de todo.
Obrigada Liliana, estou chocada com a quantidade de talento e capacidade numa escrita que, em retrospectiva, é ainda bem jovem e tem muuuuuuitos anos de literatura para nos oferecer.
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