Sinopse: Este romance de estreia passa-se em Teerão, entre os anos 1973 e 1974, antes da revolução islâmica, ainda sob o opressivo regime do Xá Reza Pahlevi. Nesta obra de inspiração autobiográfica, as figuras principais são dois adolescentes em férias escolares que passam grande parte do verão a deambular pelos terraços das casas da vizinhança... Ali trocam confidências, sonham com o futuro, mas também ganham consciência das realidades mais duras da vida. Intenso, dramático e colorido, Terraços de Teerão dá-nos a conhecer a cultura iraniana, através das vidas de personagens em que nos reconhecemos no mais essencial da experiência humana.
Opinião: Há muito que queria ler este livro. A capa é lindíssima e Teerão soa a uma cidade distante, exótica e problemática. No dia 7 de Junho, em Roma, sentei-me à mesa com um iraniano de Teerão. Disse-me que há muitos milhões de cidadãos durante o dia na cidade, e que todos a deixam à noite quando regressam a casa. Falou-me de zonas no Irão onde a temperatura ascende a 48º, e outras zonas geladas onde é impensável viver-se.

É neste contexto de opressão intelectual que crescem o jovem Pasha e Ahmed, o seu melhor amigo. Nas noites quentes desse verão, estendem-se no terraço a partilhar as inquietações de amor, os pequenos gestos de resistência ao regime, as histórias dos seus antepassados e as particularidades de carregarem a herança dos Persas. O livro é divertido, por vezes comovente, e a narrativa é fácil de acompanhar. Conta com um leque de personagens inesquecíveis e muito humanas que o pintam de um realismo enternecedor. É um triste conto sobre jovens enérgicos e inconformados, que perdem muito daquilo que lhes é querido, lidam com o luto e a frustração e tornam uma simples roseira num símbolo de resistência ao regime. Comovente em larga medida, peca apenas pela repetição dos raciocínios. Situações passadas, características específicas de personagens/locais, desejos inconfessados, conclusões a que o personagem principal chega, são várias vezes repensados e o sofrimento é uma constante, mas esta recorrência cansa um pouco o leitor mais para o fim.
Contudo é um muito bom livro, uma boa porta de contemplação – e compreensão – para com o Médio Oriente.
Sem comentários:
Enviar um comentário