Sinopse: Como todos os Bedwyn, Aidan tem a reputação de ser arrogante. Mas este nobre orgulhoso tem também um coração leal e apaixonado - e é a sua lealdade que o leva a Ringwood Manor, onde pretende honrar o último pedido de um colega de armas. Aidan prometeu confortar e proteger a irmã do soldado falecido, mas nunca pensou deparar com uma mulher como Eve Morris. Ela é teimosa e ferozmente independente e não quer a sua proteção. O que, inesperadamente, desperta nele sentimentos há muito reprimidos. A sua oportunidade de os pôr em prática surge quando um parente cruel ameaça expulsar Eve de sua própria casa. Aidan faz-lhe então uma proposta irrecusável: o casamento, que é a única hipótese de salvar o lar da família. A jovem concorda com o plano. E agora, enquanto toda a alta sociedade londrina observa a nova Lady Aidan Bedwyn, o inesperado acontece: com um toque mais ousado, um abraço mais escaldante, uma troca de olhares mais intensa, o "casamento de conveniência" de Aidan e Eve está prestes a transformar-se em algo ligeiramente diferente…
Opinião: Comprei este livro com alguma relutância. Sempre me pareceu que os casais
da Mary Balogh se unem mais por dever e honra do que por afecto. Não falo do
momento que despoleta a sua união, mas sim do que os mantém unidos
posteriormente. Não se vêem grandes paixões assolapadas, grandes lágrimas de
desilusão amorosa nem grandes sacrifícios pelo outro (podem haver sacrifícios,
sim, mas geralmente por promessas a moribundos na guerra, por ex.). Este livro
não foge ao padrão dos dois livros anteriores: as guerras peninsulares travadas
contra Napoleão levam três oficiais ao altar. Nos dois primeiros livros as
noivas eram mulheres desadequadas, sem grande noção de etiqueta, e neste não é
excepção. Apesar de ter sido educada para ser uma dama, Eve cresceu no Oxfordshire
e é por lá que pretende ficar, sem almejar uma vida em Londres ou de aventuras
atrás do seu coronel de campanha militar em campanha militar. O que eu mais
gosto nos livros da Mary Balogh é, contudo, a honestidade e a honradez das
personagens. Não são máquinas sexuais acéfalas, como em muitos outros livros do
género, em que o homem é um “libertino” e um “ocioso”. Nos livros da Mary os
homens são homens, mas são-no racionalmente. Têm as suas aventuras mas o dever
e essa dita honra são a sua força motriz. Por vezes sinto que falta algo nos
livros dela - uma certa espontaneidade, que outras autoras conseguem atingir
tão bem, entre o casal principal. Neste caso não há grande química, grande
“amor à primeira vista”. Nem o coronel Aidan Bedwyn nem Eve Morris se perdem de
amores ao ver-se da primeira vez e ambos lutam por combater, na sua mente,
aquilo que esperavam do outro e aquilo que ele é. Não há grandes elogios ao
físico de um e doutro - Eve é pálida, demasiado magra, o cinzento morre-lhe na
pele, o cabelo não é vistoso, é dum castanho comum, os seios são pequenos e ela
envergonha-se disso. O coronel é um homem “sombrio”, de nariz adunco, olhos e
cabelo escuro, a própria pele é escura em contraste com a dela, o corpo largo
do serviço militar mas também de estrutura óssea. Ele próprio receia que ela se
sinta repugnada pelo seu aspecto, mas depois percorrem um caminho de aceitação
mútua. E é esta humanidade que eu aprecio na Balogh. Bem como a franqueza das
personagens quanto às suas intenções e desejos. Não há o jogo do homem a
perseguir a mocinha bonita e ela a negar-se-lhe por palavras e depois a
atirar-se-lhe para o colo sempre que pode. A Eve é honesta mesmo na intimidade,
e esse entendimento mútuo beneficia o livro, que se quer mais sério do que
muitos do mesmo género literário. E é por isso que gosto dele, porque me
identifico com essas criaturas imperfeitas e com esse amor construído. Porque
também eu sou honesta no que tenho de ser e isso é parte de nos conhecermos e
de assumirmos as nossas preferências e escolhas, mesmo aquelas que não têm
grande explicação lógica.
Por isso foi para mim um prazer - e um livro assim é um conforto nos dias
mais difíceis - acompanhar o modo como a Eve e o Aidan se vão tornando
indispensáveis para a felicidade um do outro. E como o amor pode nascer do
conhecimento das histórias e dos defeitos mútuos. E que bonito foi vê-los
interessar-se e dedicar-se àquilo que para o outro há de mais sagrado!
Foi uma boa leitura que me angustiou quando havia
frieza entre eles, e que me enterneceu quando se permitiam ser ternos e expôr a
alma perante o outro. Um casal muito bom, inesquecível.
Classificação: 4****
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