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Nesta obra, Nicolau
procura orientar Lorenzo para o sucesso, para bem dos florentinos. Pegando em
exemplos que lhe são contemporâneos e, noutros dos grandes vultos do outrora
Império Romano e da Grécia Antiga, ilustra os erros e as virtudes pelas quais incorrem
os grandes chefes.
Não posso dizer que tirei
grande prazer do livro, nem que partilho esta visão do autor, segundo a qual a
natureza do Homem é ignóbil e falível, não creio que o seja sempre com
tendência ao mal. Para mim o Homem, enquanto animal, vê a sua natureza
modificada pelas circunstâncias. Um gato selvagem tem de caçar para viver, cria
inimigos, mete-se em escaramuças. Um gato doméstico, por ter todos estes
recursos à disposição, é dócil e fiel. Não digo que o gato pode ser corrompido
por desejos de superioridade ou competitividade só por despeito, como os Homens
são frequentemente tomados, mas ainda assim há um termo de comparação.
Entendo que seja uma obra
singular nas Ciências Sociais e Políticas, mas não é Literatura, não é um
romance, não me entreteve. Informou-me, sim, sobre temas que não me dizem muito, mas me enriquecem a nível
cultural.
Porém, reconheço a
assertividade e a ousadia do autor, sem dizer que o seu espírito está bem
impresso nestas páginas.
“Os homens têm menos receio de ofender alguém que se faça amar do que
alguém que se faça temer; porque o amor mantém-se por um laço de obrigação que
os homens, por serem maus, rompem sempre que surge ocasião mais proveitosa”.
“Acima
de tudo [o príncipe], deve abster-se de tocar nos bens alheios; porque os
homens esquecem mais depressa a morte do pai do que a perda do património”.
Classificação: 3***/**