Realizador: Stanley Kubrick
Actores principais: Jack Nicholson, Shelley Duvall
Classificação IMDb: 8,4
Minha classificação: 4
Baseado no livro
de Stephen King, “The Shining”, ou “O Iluminado”, em português, prometia ser um
filme de terror de arrepiar os cabelos. Prometia ser um dos melhores filmes de
todos os tempos, dentro do seu género e para além dele. Eu tenho medo de filmes
de terror, não assisti a muitos por esse motivo. Mas acho que não devo deixar
que os meus gostos ou limitações influenciem, a cem por centro, a minha cultura
geral. Então achei que estava na hora de superar o desafio de ver este filme.
Porém, quando a
este, senti sobretudo embaraço. Ao longo das duas horas e vinte minutos em que
o filme roda, procurei constantemente um sentido para o enredo, um escalar para
o prometido clímax, um fio condutor que me permitisse extrair alguma lógica a
tudo isto. Nunca encontrei nada por onde pegar. A actuação da Shelley Duvall constrangiu-me. Não vale a pena
contra-argumentar-se que o problema está no facto de o filme ter sido rodado há
trinta e seis anos: o problema é ela ser má actriz. A Vivien Leigh, em 1939,
era muito melhor. A Bette Davis, em 1942, era muito melhor. Portanto, é tão má
actriz que o filme se estraga logo aos primeiros minutos, quando ela está a rir
e a debitar frases como se as estivesse realmente a ler, a partir do guião. O
próprio guião é mau – alguém deve ter recebido muito para o adaptar do livro,
mas esqueceu-se de criar a ponte “literatura-cinema”, pelo que as falas galgam
esse espaço e vêm estatelar-se no chão. Sobretudo as da Wendy (Duvall), e
sobretudo no início, depois acabam por entrar no campo do “normal” para a época
e para o género. Houve um momento em que entendi que tinha de parar de culpar a
actriz pela disfuncionalidade do seu papel. O que lhe foi pedido também é parvo
por si só. Não entendo como não venceu na categoria de Pior Actriz dos Razzies, para a qual foi
nomeada.
Ultrapassando
esse problema, penso que a criança, Danny (Danny Loyd) teve uma óptima
prestação no filme, contribuiu para nos puxar par ao ambiente lúgrube do Overlook Hotel - e na minha óptica o hotel é o
vilão, e o ambiente do hotel é o elemento mórbido que acaba por ser o
protagonista do filme -,
ver aquele cenário pelos olhos dele é intimidante. E o Jack Nicholson, claro, parece
ter sido feito para representar este papel. O rosto dele mexe mais com o
espectador do que o chorrillho de disparates das falas. "Assinei um
contrato" - *eye roll*, scary.
Se calhar o
problema é que, tendo o filme nascido de um livro, procurei nervuras que
explicassem o que sucede. Por muito que não haja explicação para tudo, e no
mundo do horror e do sobrenatural menos ainda. Se me focasse apenas na banda
sonora, nos pormenores que nos desconcertam e inquietam (como a cena em que a
criança galga tapetes/soalho em sequência com o triciclo, e o ruído mexe com
todos os nervos do nosso corpo), ficaria híper impressionada.
De facto há uma
admirável visão, inquietante, por detrás de todo o projecto. Alguém que soube
captar os ângulos, plantar receios, criar ansiedade. Porém sinto que falta
alma, um mal identificado, um mal localizado, um mal com cabeça tronco e
membros. O hotel, por si só, é arrepiante. Mas fora isso… como se explica tanta
coisa? Gosto de respostas. Inquietar
só porque sim acaba por cair no esquecimento, para mim. Creio que este filme,
assinado por um realizador menos mediático, estaria na lista dos maiores
disparates de sempre. Fico feliz de ter visto o filme, mas não entrei para o
seu clube de fãs nem creio que volte a vê-lo um dia.
Classificação: 4/10
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