segunda-feira, 25 de novembro de 2019

#235 ORWELL, George, Animal Farm

Sinopse: A farm is taken over by its overworked, mistreated animals. With flaming idealism and stirring slogans, they set out to create a paradise of progress, justice, and equality. Thus the stage is set for one of the most telling satiric fables ever penned –a razor-edged fairy tale for grown-ups that records the evolution from revolution against tyranny to a totalitarianism just as terrible.
When Animal Farm was first published, Stalinist Russia was seen as its target. Today it is devastatingly clear that wherever and whenever freedom is attacked, under whatever banner, the cutting clarity and savage comedy of George Orwell’s masterpiece have a meaning and message still ferociously fresh.

Opinião: Ouvido em audiobook, em Inglês.

Beasts of England, beasts of Ireland,
Beasts of every land and clime,
Hearken to my joyful tidings
Of the golden future time.

Soon or late the day is coming,

Tyrant Man shall be o’erthrown,
And the fruitful fields of England
Shall be trod by beasts alone.

Rings shall vanish from our noses,

And the harness from our back,
Bit and spur shall rust forever,
Cruel whips no more shall crack.


Riches more than mind can picture,
Wheat and barley, oats and hay,
Clover, beans, and mangel-wurzels
Shall be ours upon that day.

(...)

For that day we all must labour,
Though we die before it break;
Cows and horses, geese and turkeys,
All must toil for freedom’s sake.


Publicado em 1946, O Triunfo dos Porcos, na minha opinião um título que lhe cai melhor do que A Quinta dos Animais (tradução literal), é uma alegoria assustadora do que vinha e viria a acontecer na Rússia Soviética durante as décadas seguintes, mas sobretudo durante o governo totalitário de Estaline.

Nesta obra do escritor britânico, também famoso por A Guerra dos Mundos e 1984, temos Mannor Farm como os limites do Estado Soviético, e os animais como os seus operários. O antigo caseiro, ou tratador, o demónio Mr. Jones, é possivelmente o czar assassinado, removido de cena para que os animais da quinta possam livrar-se das ordens, do chicote, dos símbolos da escravidão (as coleiras, os lacinhos e torrões de açúcar das éguas, as cercas, a sela, etc.). Tudo começa com uma revolução liderada pelos animais mais inteligentes e mais capazes de conduzir o discurso e, portanto, galvanizar os restantes: os porcos.



Os porcos abrem os olhos de todos os animais para a exploração de que são alvo, e para a brutalidade das condições que enfrentam, e para a injustiça da sua condição de servos dos homens. Alguns animais, como Boxer, um cavalo idealista, abraçam a essência desse espírito, vêem-lhe Verdade e sentido, e adoptam um mote "I will work harder", para que tudo seja melhor para todos, agora que os benefícios que a quinta tem para oferecer serão compartilhados por todos. Todos os animais são iguais é um dos sete mandamentos que conduzem o espírito da revolução e que servem de regras para a conduta de todos.


Esse espírito de união que os conduz, em colectivo, a uma viragem de "regime", rapidamente é deturpado a favor de um pequeno círculo de animais - os porcos, que de tanto se verem na liderança da revolução, das ideias, da criação de novas estruturas -, acabam por ser corrompidos pela própria ganância e começam eles próprios a explorá-los. Para isso valem-se de propaganda, de um discurso de medo que os recorda os horrores dos quais estão agora a salvo, da intimidação (usam cães que criaram desde o nascimento como seus guardas pessoais, diria que representam a máquina militar soviética), e em suma reescrevem a História a seu favor, convencendo os restantes de que sempre viram mais, melhor e mais além, e de que tudo o que levam a cabo é para o bem geral. Em breve os porcos estão afastados do trabalho em si, que é levado a cabo com mais ou menos entusiasmo pelos restantes animais, e começam a arrebatar-lhes os melhores frutos da terra. O Homem, inimigo da Quinta dos Animais, e do animalismo (socialismo), torna-se num parceiro conveniente de troca para os porcos, que o usam para obter luxos e extravagâncias (como álcool) que a Quinta não consegue produzir, e os quais cobiçam.

O lema de que todos os animais são iguais, com o passar dos anos, transforma-se em "Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros", e assim, de um modo simples, Orwell desmonta os princípios do socialismo. Para mim, tudo se resume a: não se pode confiar que os lobos e as ovelhas vivam em harmonia e trabalhem para a mesma causa, porque a natureza de uns e doutros leva sempre à exploração dos mais fracos.

Vou lê-lo assim que possa, não vá ter-me escapado algo no audiobook.

Delicioso!

PS: Estou apaixonada pelo Boxer e pela Molly! 

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