sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

#109 FLYNN, Gillian, Em Parte Incerta

Sinopse: Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino? Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy? Com uma escrita incisiva e a sua habitual perspicácia psicológica, Gillian Flynn dá vida a um thriller rápido e muito negro que confirma o seu estatuto de uma das melhores escritoras do género.

Opinião: Não foi um livro fácil. Li até à página 173 e passei outros tantos à frente. Depois, metida num voo de 9h35, peguei-lhe de novo e li até à página 400 compulsivamente. Quando digo “compulsivamente”, significa que é pouco provável que me esqueça das revelações que sugiram no livro durante esse voo – o mais atribulado da minha vida (vida essa que analisei por entre pequenas pausas desta leitura com o avião a chocalhar como louco). No voo de regresso, mais nove horinhas e meia com uma escala interminável pelo meio, li o que restava e fechei as cerca de 520 páginas daquele que é um dos livros mais malucos que já li. Só consigo compará-lo – de modo vago, porque a outra trilogia é bem melhor – à obra-prima do Stieg Larsson. Na trilogia Millennium a Lisbeth Salander é a personagem que mais me fascinou no mundo da literatura até hoje. Ombro a ombro com a Scarlett O'Hara do “E Tudo o Vento Levou”.
No “Em Parte Incerta” temos duas pessoas em tudo comuns e, por estranho que pareça, muito familiares. O Nick (a ser interpretado no cinema pelo Ben Affleck), fica atarantado com o desaparecimento inesperado da sua esposa, Amy, na manhã em que comemoram o quinto aniversário do seu casamento. Acompanhamos as suas reacções ao decorrer da investigação intercaladas com o diário que Amy mantinha, onde ia denunciando as desilusões com o casamento por entre as expectativas e a esperança que ia mantendo de que as coisas se endireitassem.
Será que Nick matou Amy? O que terá acontecido a Amy?
Então fica impossível deixar de ler. Ninguém é bem quem diz ser. Ninguém é perfeito e são todos muito humanos – homens que choram, referências a affairs e ao asco que isso causa a quem é traído em termos pouco educados – traições, vinganças, o quotidiano de um casal contemporâneo e os sucessivos desencantos e aspirações goradas, o desemprego, o isolamento –, mentiras e uma personagem fascinante que arrepia de tão brilhantemente distorcida.
Só não consigo atribuir cinco ao livro porque detestei o final. Penso que no filme, para o render mais cinematográfico, o mesmo seja alterado para algo mais “definitivo”. De qualquer modo, é um livro que vai demorar a deixar-me.

Para quem se interessa por policiais, sociopatas e esquemas bem elaborados, está aqui uma leitura bastante satisfatória. 

Já tinha dissertado um pouco sobre o livro aqui.

Classificação: 4****

2 comentários:

  1. Concordo com a crítica. É um livro que nos engana bem e onde não sabemos no que acreditar até à segunda parte. Nunca tinha lido nenhum livro da autora mas já ouvi dizer que os outros livros dela são melhores por isso estou ansiosa para os ler.
    E também concordo com o que disse sobre a obra prima de Stieg Larsson, a trilogia Millenium, sem dúvida dos melhores livros que já li. A Lisbeth é sem dúvida uma das melhores personagens alguma vez construídas.
    Os meus parabéns pelo novo livro publicado, estou ansiosa para o ler.
    Eu própria gostaria de escrever algum um dia mas parece que não encontro a história certa!

    Beijinhos
    Marina Pinho

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    1. Olá querida Marina,
      Vou começar pelo fim; adoro a tua preocupação em encontrar a história certa. Também acho que não se deve escrever só porque sim, embora também considere que devemos abraçar tudo aquilo que nos dá prazer, ainda que isso se traduza numa história lugar-comum que queremos explorar. Procura a história certa, ela está algures nas entrelinhas do que tens experienciado - naquilo que te seduz e naquilo que te indigna.
      Ainda não consegui ler mais livros da Flynn, mas tenciono fazê-lo no futuro. Quanto à Lisbeth, adoro-a!

      Espero que possas ler A Filha do Barão, estou ansiosa pela tua opinião :)

      Abraço,

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