Sinopse: Ao entrar na sua sétima temporada sem namorado,
Beatrice Albright começa a entender que a sua beleza não compensa a sua
personalidade irritável. Na qualidade de mulher desesperada que ninguém deseja,
tem de procurar um homem com quem nenhuma outra pessoa casará: o desprezado e
misterioso marquês Highcroft, Gareth Berenger. Correm boatos de que ele é um
assassino, mas Beatrice tem mais receio de ficar uma velha solteirona na
companhia da mãe, do que da obscura reputação de Berenger. Contudo, embora se
sinta intrigado pela sedutora proposta da jovem, também ele tem uma proposta a
fazer. Dotado de gostos particulares, não casará com nenhuma mulher incapaz de
os satisfazer. A sua noiva tem de ser aventureira, sem medo de nada e ansiosa
por experimentar todas as paixões e prazeres imaginários, por mais chocantes e
proibidos que possam parecer. Se Beatrice concordar em tentar a experiência -
se conseguir eliminar todas as suas inibições - os dois casarão. Por
conseguinte, os dados estão lançados enquanto Beatrice e Gareth embarcam num
percurso erótico onde o perigo os espreita a cada curva, rumo a um mundo de
êxtase, onde nada é proibido… nada é negado.
Opinião: Está bem, admito - eu estava a pedi-las. Apaixonei-me pela capa -
detestei o nome - e, tendo ouvido falar do “Tabu”, fiquei com interesse em ler
este desta senhora. Há muito que o romance histórico se tornou o meu género
favorito. Geralmente, mete assim umas cenas mais quentes pelo meio, mas tem
alguma alma, alguma sensualidade por antecipação, por contenção. Gosto dos
contrastes das classes sociais - dos cenários das grandes mansões inglesas, da
decadência da aristocracia e do progresso. São, quase sempre, passados no séc.
XIX. Temos uma nova burguesia a ascender e a nobreza a arrastar-se nas suas
propriedades decrépitas só com o orgulho e a ambiação a animá-los. Gosto das
reviravoltas que este cenário permite, e algumas autoras conseguem-no muito
bem. A Sherry Thomas é das minhas favoritas - Um Amor Quase Perfeito é, de
facto, perfeito dentro do género. É emotivo q.b., sensual q.b., é
informativo quanto à história, à sociedade, às vivências da época. Fala até de
arte.
Este Força do Desejo, contudo, é o pior que jamais li do género.
Encomendei-o pelo site da FNAC e, quando chegou, vinha com o preço
colado sobre a mensagem inédita: Aviso: este livro pode conter descrições
explícitas de cariz sexual. Escusado será dizer que voltei a colar-lhe o
preço. Tomei conhecido de um tal BDSM, que me era desconhecido na literatura (e
que passava bem sem ter conhecido) - Bondage, Discipline, Submission and
Domaine (ou SM para Sado-Masoquismo). Basicamente, o enredo do livro
descreve-se do seguinte modo: Beatrice conhece Garreth e está desesperada por
se casar. Garreth diz-lhe que se casa - são ambos ostracizados, ela porque é
uma intratável e ele porque se diz que matou a primeira mulher - desde que ela
lhe dê (na cama!) tudo o que ele quiser. Começa por ser ridículo, mas
ligeiramente compreensível - o senhor gosta de mesas forradas a couro,
chicotes, torturas físicas e sexo anal. Ela - e porque se deve confiar em
qualquer pessoa que é presumível de ter assassinado a primeira mulher - aceita.
Bom... neste ponto eu já estava a dar em doida com o romance.
Quando a “brincadeira” começa, fiquei ainda mais chocada. O livro é, como
já li referirem-se-lhe, sexo, sexo, sexo. Ou estão a fazê-lo, ou estão à mesa, às
refeições, a falar dele.
O pior é o facto de que nenhum dos dois parece ter alma. Mesmo quando a
autora já dá palpites óbvios sobre ele gostar dela, continua a dizer-lhe que só
se casa se ela lhe der tudo o que ele quiser na cama. São bastante incoesos.
Enfim, eu podia abster-me de fazer crítica a este livro, mas acho que isto
origina uma reflexão maior. A Quinta Essência meteu-me este livro no colo.
Voou como passatempo em blogues. Veio com oferta exclusiva no site da FNAC.
Pelo resumo, ansiei por lê-lo. E depois...? Lamento que a literatura esteja a
cair nisto. Quanto a mim, foi uma leitura leve que me chocou diversas vezes
pelo absurdo (BDSM não é a minha onda, não é que eu tivesse dúvidas),
pelo quão explícitos foram os envolvimentos desse cariz, pelo vazio das
personagens, pela inutilidade - mal disfarçada - da história perante o pretexto
nítido daquelas páginas. Fica na minha prateleira como um livro que,
honestamente, não aconselho e que tem um aspecto bastante inofensivo.
Classificação: 2**
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