Sinopse: Durante dez anos Camden e Gigi, Lorde e Lady Tremaine, tiveram o mais perfeito dos casamentos, baseado na cortesia, no respeito e… na distância. Um segredo, uma traição e um oceano separam-nos desde o dia seguinte ao seu enlace. Gigi vive na bela mansão londrina do casal, enquanto Camden se estabeleceu em Nova Iorque. Nenhum se mete na vida do outro. Agora as coisas vão mudar. Gigi decidiu agarrar-se à sua última oportunidade de ser feliz e aceitar a proposta de casamento do seu pretendente, Lorde Frederick. Assim, escreve ao marido, enviando-lhe os papéis do divórcio. Mas em vez de devolvê-los assinados, Camden apresenta-se à porta da mansão de Londres para lhe oferecer um acordo: vai conceder-lhe o divórcio, mas antes Gigi deve dar-lhe um filho, um herdeiro. Se ela não aceitar, ele não lhe concede o divórcio. Gigi aceita, mas impõe um período de um ano. Um ano em que se acumulam as lembranças da paixão que outrora os uniu, um ano em que segredos são revelados, um ano em que o desejo volta mesmo contra vontade, e um ano em que ambos devem decidir se o casal mais admirado de Londres deve voltar a apaixonar-se... ou separar-se para sempre.
Opinião: Ambientado na última década do século XIX, o livro não é tão cor-de-rosa nem linear quanto a sinopse faz parecer. Pelo contrário, é sobre expectativa e desilusão. A Gigi não é nenhuma santa: era tão doente pelo Camden, quando o conheceu, que fez algo de muito errado para ficar com ele. E é graças a isso (que fere o orgulho dele e) que faz com que ele opte por uma vida separada durante longos anos. Esta separação de duas pessoas que obviamente se amam - mas que têm um fantasma no armário - é comovente e angustiante. Há um trecho do livro em que os dois se cruzam em Copenhaga e em que se reconhecem à distância. Ela está a passear num barquinho de recreio e ficam ambos pasmados ao reconhecer-se. O que mais me interessou neste enredo, super bem conseguido, foi o facto de que ambos reconstroem as suas vidas e enriquecem como pessoas à sua maneira. O Camden mora em Nova Iorque e tem uma empresa de iates. É um ás do desenho e um visionário. Além disso, protagoniza uma das cenas mais tocantes da história dos protagonistas masculinos mais atormentados de sempre: a sua performance nocturna da Dream of Love, Franz Liszt, ao piano. A Gigi mora em Inglaterra e não se deixou ficar sozinha ao longo dos anos que passam separados. Tem muito pouco da heroína habitual, esta teve amantes ocasionais e afogou a dor da ausência na arte. Evolui de uma jovem apaixonada e desesperada, para uma mulher fria e determinada que acaba por dispensar terminantemente a vida dele na sua vida - a fim de evitar mais estragos. Tem as paredes de casa forradas de Monets. Não lhes é fácil recomeçar - nem querem, tão pouco, recomeçar. Só que, quando ela mete na cabeça que o mundo está suficientemente evoluído para que possam divorciar-se sem um escândalo de maior, ele convence-se que só lhe dará o divórcio se, em contra-partida, ela lhe der um herdeiro... Está no topo dos meus romances estilo romance favoritos.
Classificação: 5*****
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