Será que, por esta altura, já esgotei o grosso dos livros bons? A verdade é
que, ou eu mudei muito que pensar em Como Água para Chocolate, A Cidade dos
Deuses Selvagens ou Cinco Quartos de Laranja, me sabe a um passado
feliz, quase à doçura da entrada na adolescência, ou estes foram, de facto,
alguns dos melhores livros que li e cuja intimidade me envolveu até hoje. Tenho
saudades de ter vontade de ler Isabel Allende. A Joanne Harris, por seu
turno, levou-me por uma França deliciosa. Chocolate e o significado da
Quaresma, o pitoresco de uma aldeia francesa e uma personagem chamada Vianne
com sapatos vermelhos. O vento do Norte e um canguru chamado Pantoufle. A
Praia Roubada e a areia nos pés do Flynn. Valete de Copas e Dama de
Espadas, o sentimento da penumbra, a valeriana a ser despejada pela
garganta da principal, administrada por um marido maldoso. Esse mesmo marido a
pintar a jovem esposa como se fosse a bela adormecida. Uma frieza palpável
nesta relação. Vinho Mágico e uma garrafa de tinto de qualidade, o seu
perfume frutado, a narrar uma história que entretanto esqueci. A Praia do
Destino, e o hálito a hortelã de Catherine. Um Momento Inesquecível
e Nicholas Sparks, noutra vida, capaz de me surpreender. Uma Promessa Para
Toda a Vida e uma morte acidental por atropelamento. O Sorriso das
Estrelas e a Adriane a depilar-se para uma noite que promete. Laços
Que Perduram e Julie a ser perseguida por um tolo que vê nela a ex-namorada
que matou. O primeiro cheirinho à Irlanda em Herança de Vergonha, da
agora tão conhecida - e rebatida - Nora Roberts. A Filha da Fortuna
e a atribulada viagem da rapariguinha - Isabel, arrisco? - num navio, de
Santiago do Chile para a Califórnia no séc. XIX. Os livros tinham outro cheiro,
outra intensidade. Até o Chanel nº 5 das personagens da Sveva Casati
Modignani não me aborrecia - ainda não o tinha lido repetido noutras obras da
mesma. Estes são só alguns dos livros que me souberam bem por motivos diversos.
Tenho saudades de pegar num livro do qual não queira sair. Mesmo o Stieg
Larsson arrancou 5***** que não sabem às 5***** de um Lolita. Estes
romances que menciono não merecem todos 5*****, mas fizeram-me feliz a seu
tempo. Li-os de barriga no chão, li-os estendida na cama, durante as férias.
Li-os quando me disseram que, provavelmente, me iam aborrecer. Tão Veloz
Como o Desejo a ser posto de lado, mais tarde recuperado e a Laura Esquível
a consagrar-se das minhas favoritas. Luz María (Lucha) e o marido, Júbilo,
acamado e apegado ao telégrafo e ao Código Morse. Será mesmo de mim? Ou será
que consigo relê-los e voltar aos mesmos sítios e às sensações felizes que me
proporcionaram? Bom, o E Tudo o Vento Levou conseguiu isto e muito mais.
Preciso de ser feliz através da escrita. Estes bebés ajudaram a consegui-lo.
Tantos deles nem de amor falavam... Sem pesquisas no google, isto é o
que me recordo deles.
Para quando o próximo romance inesquecível?
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