Sinopse: Um jornalista de televisão no topo da fama. Uma criativa de sucesso no mundo da publicidade. Uma repórter cubana que busca a liberdade. Três pessoas movidas pela força de vontade nas suas profissões que perseguem objectivos maiores para as suas vidas incompletas. A perigosa aventura de Luz María a caminho do exílio leva-a a cruzar-se com Lourenço e este não podia imaginar que uma decisão tomada numa ilha tropical iria afectar irremediavelmente a sua vida. Um encontro fortuito numa estação de comboios em Lisboa, um momento de pânico motivado pela perseguição política, atira Luz Maria para os braços de Lourenço quando este vai ao encontro de Isabel. Se num primeiro instante foi apenas por solidariedade que decidiu ajudar Luz María a começar uma nova vida em Portugal, em breve Lourenço vai ver-se envolvido num turbilhão de sentimentos que o irão obrigar a fazer uma escolha impossível entre a mulher dos seus sonhos e a mulher da sua vida. Autor de enormes sucessos literários, como O Tempo dos Amores Perfeitos, O Último ano em Luanda e o mais recente O Homem Que Sonhava Ser Hitler, Tiago Rebelo apresenta-nos aqui uma história intensa de paixão, amor e amizade, que prova como a felicidade nem sempre se encontra no caminho mais evidente.
Opinião: Tiago Rebelo, Tiago Rebelo…
Talvez deva gabar a perícia que
este senhor tem para reconhecer crianças nos homens. É o segundo livro dele que
leio e, segundo sei, a fórmula é a mesma. Metem-se duas mulheres ao barulho,
maduras e admiráveis, e um homem indeciso como uma criança numa loja de doces. Recorta-se
uma cena em duas, mete-se metade no início e metade no fim e tem-se assim uma
fórmula “infalível”. Depois é preciso que as mulheres digam que estão fartas de
ser espezinhadas, e que o homem seja tão encantador – e encantador é a palavra favorita do autor – que lhe dê a volta no
final sabe-se lá como (ele também não se dá ao trabalho de explicar). O que
dizer deste romance em específico?
Temos uma mulher (Luz María) presa
ao regime cubano – encantadora – que tem
um caso quase fortuito com um homem-criança, idiota, atraente, metido por entre
todas as saias que passam. Temos essa mulher a quase arriscar a vida para
conseguir fugir do país, com a mãe atrelada. Depois temos outra mulher (Isabel)
com uma carreira de sucesso no ramo da publicidade, cuja vida já foi inúmeras
vezes estraçalhada pelo mesmo homem que ela considera o amor da sua vida, e a
quem este Lourenço, também homem-criança, considera o amor da sua. Posto isto,
não entendo como é que a mestria deste senhor se mete a enrolar as cabeças das
pessoas. A mim parece-me tudo muito simples – ele passou a vida a destruir a
felicidade da mulher que diz amar (apetece-me rir pelo facto de ela,
aparentemente, lhe ter dado essas oportunidades todas), e então vem a cubana. A
cubana, uma mulher admirável, sem dúvida, embora nunca se entenda muito bem o
que a move – sem ser o desejo por liberdade, que me parece comum a qualquer
ser-humano num regime opressivo – e por quem ele se encanta. E o encantamento é suficiente para, uma vez que não pode
tê-la, meter novamente “a mulher da sua vida” na gaveta. Foi o final que me
chocou mais quando uma destas mulheres, descritas como fortes e dignas pelo
autor, decide aceitá-lo. E desvie agora os olhos quem tiver intenções de
embarcar neste mar de frases feitas, informações dispensáveis e evidente falta
de empenho do autor. Mas ela ACEITA-O.
Para mim era evidente que o final do livro é cada uma delas a dispensar o
idiota do homem, que viveu por entre pernas uma vida inteira, que se despiu da
Isabel porque “não estava preparado”, que voltou para ela só para voltar a
deixá-la uma e outra vez. Que final mais perfeito, mais adulto, seria este?
Desdenhou tantas vezes do doce que devia era ficar sozinho na sua casa “enorme”
no Parque das Nações, a beber o típico uísque e a olhar para as luzes da Vasco
da Gama. Aí sim, talvez eu admirasse um pouco este livro. Agora um final feliz
para um pulha? Uma mulher de personalidade forte a submeter-se outra vez?
Poupa-me, Tiago. Não
me convenceste.
Classificação: 2**
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