Título oficial: 12 Years a Slave @ 2013
Realizador: Steve McQueen
Banda Sonora: Hans Zimmer
Actores principais: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o
Classificação IMDb: 8,6
Minha classificação: 9
Prémios: Nomeação para Globo de Ouro de Melhor Actor Principal (Chiwetel Ejiofor) Nomeado para Globo de Ouro de Melhor Actriz Secundária (Lupita Nyong'o) Nomeado Para Globo de Ouro de Melhor Actor Secundário (Michael Fassbender), Nomeado para Globo de Ouro de Melhor Realizador (Steve McQueen), Nomeado para Globo de Ouro de Melhor Argumento, Nomeado para Globo de Ouro de Melhor Banda Sonora (Hans Zimmer)
Quando vi o trailer deste filme fiquei ansiosa por poder vê-lo. Isto porque me interesso sobremaneira por tudo o que se relacione com a Guerra Civil americana, o sul esclavagista (E Tudo o Vento Levou) e o norte abolicionista (Lincoln). Por entre esses prismas unilaterais, surge este filme inesquecível de um realizador que me permiti ignorar durante demasiado tempo. Um filme que unifica a maneira de pensar do norte e do sul e que arrasta esta personagem de fibra, Solomon (Chiwetel), até uma nova identidade: Patt. Jamais tendo sido escravo, Solomon tinha a sua vida bem encaminhada em Nova Iorque. Era violinista e sustentava a família. De repente vê-se enganado e arrastado para aquele que identifico como o estado mais esclavagista dos EUA, a Georgia. Uma vez aí, é aconselhado a silenciar-se a respeito da sua instrução e da sua verdadeira identidade. Por entre os canaviais, as plantações de algodão e os múltiplos serviços que lhe são atribuídos, Solomon não esquece a família. Ocasionalmente é-lhe permitido tocar violino e cruza-se com pessoas de graus de humanidade variadíssimos, desde um amo bom (Benedict Cumberbatch), mas esclavagista, a um amo que lê as escrituras e tortura os escravos por mera maldade e ganância (Michael Fassbender). A esposa deste amo (Sarah Paulson) sofre com a sua obsessão por uma escrava específica, Patsey (Lupita), e canaliza os ciúmes e a humilhação por se ver assim preterida em pequenos gestos de maldade mal-contida. E assim se observa o quão expostos os negros estavam aos estados de humor dos brancos. Tratados como animais, avaliados pelo seu potencial de lavoura, chamados de "besta", privados até de um pedaço de sabão para se lavarem. O filme relata o modo como as frustrações, a honra e a virtude de um branco assentavam sobre o poderio que detinha sobre um punhado de negros. A sua riqueza, o seu dia-a-dia, tudo girava em torno daquelas criaturas que trabalhavam de sol a sol e dançavam ao som da sua música.
De todas as vergonhas da humanidade - e temo-las em larga escala, alturas em que quem ficou imóvel permitiu que catástrofes se dessem -, destacaria a escravatura como a mais desumana. Isto porque teve lugar ao cabo de longos séculos de cega imposição de um tom de pele sobre outro. Longos séculos em que fomos todos desprovidos daquilo que define o Homem como algo de belo: a compaixão, a irmandade, a cooperação.
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