segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

#5 A Vida de Pi




Título oficial: Life of Pi @ 2012
Realizador: Ang Lee
Banda Sonora: Mychael Danna
Actores principais: Suraj Sharma, Irrfan Khan
Classificação IMDb: 8,2
Minha classificação: 9,5
Prémios: Óscares - Melhores Efeitos Visuais, Melhor Realizador, Melhor Banda Sonora, Globos de Ouro – Melhor Banda Sonora

Sinopse: Um jovem sobrevive a um naufrágio e fica cativo numa viagem de aventura e descoberta. Enquanto náufrago, cria um laço inesperado com outro sobrevivente: um feroz tigre de bengala.
 Opinião: Para quem não sabe, este filme é inspirado num romance de Yann Martel. Infelizmente, parece que o autor esteve envolvido num escândalo por ter plagiado o enredo de um livroMax e os Felinos, de outro autor. O filme, contudo, não tem responsabilidade sobre isso. Limita-se a retratar a história de Piscine Patel, que fica 227 dias à deriva no Pacífico, com alguns animais selvagens e, por fim, um tigre, após o naufrágio do navio onde seguia com a família. 
A Vida de Pi é de uma beleza esmagadora

Por algum motivo liderou os óscares nas categorias técnicas (não que os óscares sejam exactamente sinónimo de bons filmes). Mas sim, é de uma beleza desconcertante. É mais ou menos óbvio quando um bom filme tem, por trás, aquilo que desconfio agora tratar-se de um bom livro. Tem cabeça, tronco e membros. As personagens não nos são despejadas, entranham-se em nós. Não vêm do nada, mas sim de algo que nos é compreensível. 
Quanto à Índia, haverá sempre um certo exotismo a envolve-la, e neste filme essa magia esteve presente. A coexistência de hindus, católicos e muçulmanos na mesma comunidade tanto pode gerar conflitos, para mentes fechadas – religion is darkness, como uma das personagens diz no filme – como pode trazer grande riqueza cultural e interior a quem estiver aberto ao respeito e à compreensão. Pi (Piscine Patel, aliás) é assim. A própria história do nome da personagem principal leva-nos para dentro dela: Piscine, Pissing, Pi, e a conexão com o 3,14 da tão odiada matemática tornam o filme em algo de maior. É uma aprendizagem interior através da fome, da solidão, do contacto com animais (eu diria mesmo com o animal interior), e da eminência da morte perante a natureza opressora, tantas vezes subestimada pelo Homem.
O final quebrou qualquer coisa cá dentro, porque penso que entendi para além do que é visualizado. Penso que terei de ler o livro para tirar mais dúvidas, mas de qualquer modo dou os parabéns ao Ang Lee. O filme é arrebatador. Quase desejo viver uma aventura semelhante. Tendo visto o Argo (Globo de Ouro e Óscar de Melhor Filme), que também me deixou de coração nas mãos, digo que este A Vida de Pi contribuiu muito mais para mim como pessoa e amante de cinema. O Argo é contornável, esquecível. A Vida de Pi não.

PS - Vi-o de novo no dia seguinte, valeu a pena para compreendê-lo.

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