quinta-feira, 29 de março de 2012

#2 TAVARES, Miguel Sousa - Rio das Flores

Sinopse: Sevilha, 1915 - Vale do Paraíba, 1945: trinta anos da história do século XX correm ao longo das páginas deste romance, com cenário no Alentejo, Espanha e Brasil. Através da saga dos Ribera Flores, proprietários rurais alentejanos, somos transportados para os anos tumultuosos da primeira metade de um século marcado por ditaduras e confrontos sangrentos, onde o caminho que conduz à liberdade parece demasiado estreito e o preço a pagar demasiado alto. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade.
Rio das Flores resulta de um minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica, que serve de pano de fundo a um enredo de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas. Três gerações sucedem-se na mesma casa de família, tentando manter imutável o que a terra uniu, no meio da turbulência causada por décadas de paixões e ódios como o mundo nunca havia visto. No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.

Opinião: Apesar da profundidade da pesquisa realizada e da fidelidade com que tenta reproduzir uma vida, considero que Miguel Sousa Tavares perdeu as características de bom romancista a que habituou o leitor com Equador. A leitura foi constante, mais por prazer em sorver as palavras expostas pelo autor do que por interesse na história. Considerei o enredo fraco, uma história marcadamente masculina - que, por outro lado, pode deliciar outro tipo de público - e foi difícil seguir o fio à meada de pensamentos e sentimentos das personagens. As mesmas pareciam mover-se como autómatos e tomar decisões sem que o leitor as visse surgir. Num momento estão aqui e, no seguinte, já estão ali. O que se mantém constante num livro, embora as personagens sejam mutáveis - na sua tentativa de reproduzir humanos - é o que conhecemos do interior dos mesmos. A vida muda, a personagem reage. Neste livro, a vida pareceu-me aborrecida e as personagens desprovidas de grande conteúdo. Se tivesse lido este primeiro, duvido que me tivesse aventurado em seguida com o Equador, e seria uma pena - esse é excelente.

Classificação: 3***

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