sábado, 31 de março de 2012

#3 ZWEIG, Stefan - Carta de Uma Desconhecida

Sinopse: «Quero falar a sós contigo, dizer-te tudo pela primeira vez; hás-de ficar a saber toda a minha vida que sempre foi tua e acerca da qual jamais soubeste. Contudo apenas hás-de ficar a saber do meu segredo quando estiver morta, quando já não tiveres de responder-me, quando chegar verdadeiramente ao fim aquilo que agora me estremece pés e mãos, ora me afrontando ora me enregelando. Caso fique viva, então rasgarei esta carta e guardarei silêncio como sempre fiz. Caso a tenhas em teu poder, ficas então a saber ser uma morta quem te conta aqui a sua vida, que foi a tua desde a sua primeira até à sua última hora (…).» Era o dia do seu quadragésimo aniversário e o conhecido romancista R. recebia, entre a habitual correspondência, uma misteriosa carta. Escrita à pressa, com letra de mulher, duas dúzias de páginas de uma confissão que começava assim: «Para ti que nunca me conheceste». Um relato dramático de uma mulher que ama, desesperadamente, um homem incapaz de amar alguém. Carta de uma Desconhecida é um dos mais aclamados livros de Stefan Zweig que traça um profundo retrato psicológico de uma mulher que amou sem ser amada. Uma relíquia literária onde o autor austríaco descreve com mestria os sentimentos humanos e o drama das suas contradições.


Opinião: Comprei-o ontem (10.12.2011) e li-o no total de duas horas. Foi tão comovente, compreendi tão bem esta mulher que amou nas sombras um homem que, honestamente, era incapaz de amar alguém... Foi desolador, mas também representativo do que as mulheres que eu conheço, incluindo eu mesma, são capazes de fazer por um grande amor. E o silêncio ecoa do outro lado... Homens. Não podemos, no entanto, esquecermo-nos de que foi um homem que o escreveu, e assim sendo ele era consciente do poder durador da afeição de uma mulher, mas também, e não raramente, os homens o desprezam. Guardo um bom sentimento deste livro. Veio num dia em que pude sentar-me numa varanda em frente a um pequeno parque, de cigarro na mão a desfolhá-lo. E esta Viena do Sweig (1881-1942) envolveu-me e tirou-me do meu espaço para um pequeno prédio onde uma menina, sem grande poder de decisão, se encanta irremediávelmente pelo vizinho jovem, atraente e culto da alta, que se torna raidamente a razão de todos os seus passos.

Classificação: 5*****

Sem comentários:

Enviar um comentário