Compilação:
Opiniões do “Demência”
1 - Isabel Almeida
Blogue: “Os Livros nossos”
Classificação: 5*****
2 - Andreia Ferreira (autora de “Soberba Escuridão”)
Blogue: “D311nh4”
Classificação: 5*****
3 - Clarinda Cortes
Blogue: “Ler é Viver”
Classificação: 5*****
4 - Cristina
Blogue: O tempo entre os meus livros
Classificação: 4****+
5 - Carla M. Soares (autora de “Alma Rebelde”),
Blogue: “Monster Blues”
Classificação: 4(,5)*****
Outras:
6 - Sofia Rodrigues
Podia ser um livro qualquer como
tantos outros. Mas este é especial. Soube-o assim que passei os olhos pela
sinopse: Alzheimer. Para muitos esta palavra será igual, banal como tantas
outras. Não para mim. Seria apenas o reflexo desfocado pelo tempo de uma
realidade que me bateu à porta, mas em vez disso deixou marca profunda na minha
memória. Hoje adulta, outrora uma criança, que viu a adorada bisavó a ficar
estranha, confusa. Ou como diria a Célia, demente. Por que no fundo é disso
mesmo que se trata, uma demência que sem pena nem pudor vai roubando a memória
aos pedaços, deita fora peças de uma vida, esfuma aquilo que nos faz sentido.
Dos muitos episódios estranhos a que assisti, os quais não importa nomear,
refiro um. Aquele que até hoje me enche de lágrimas os olhos. Os mesmos olhos
que imploraram por reconhecimento. No dia em que tu “avó” (como sempre te
chamei) não me reconheceste. Querias ver a tua menina. Vieram todas as da
aldeia… e não era nenhuma delas. Até que cheguei eu. Estava ali à tua frente e
os teus olhos ignoraram-me com uma frieza atroz. Olhaste para um retrato meu
(tirado três anos antes) e lá estava a tua menina. Não eu. Eu, e tantos outros,
fomos apagados. Passei a ser uma intrusa. Mais uma estranha aos teus olhos.
Doeu demais…
Mas enfim, esta opinião, crítica
ou aquilo que lhe queiram chamar não é sobre mim. Quis apenas justificar parte
do meu interesse pela história. Isto de sair da história para entrar nas
partidas que a memória nos prega enquanto lemos, tem muito que se lhe diga!
O Demência, livro da Célia
Correia Loreiro, não é sobre Alzheimer. Também não é sobre violência doméstica.
Ou sequer sobre a luta de uma mulher para sobreviver às marcas impressas pelo
passado e que o presente insiste em lhe relembrar a cada passada que dá. É, na
minha opinião, a simbiose perfeita de tudo isso indo mesmo, diria, um pouco
mais além. Numa amálgama de sentimentos, os olhos voam sobre as palavras da
Célia. As páginas viram-se sozinhas e quando damos por isso já mergulhámos na
história. Não queria desvendar demasiado o que se passa nestas 394 páginas, mas
gostaria imenso de que, com as minhas palavras, outras pessoas sentissem
curiosidade de as ler. É bom dar uma oportunidade a uma autora portuguesa que
está ainda a dar os primeiros passos no mundo dos livros enquanto objecto
impresso, mas que já é uma “veterana” neste jogo da palavra, na conjugação
perfeita daquilo que são personagens, histórias e destinos.
A certa altura, admito, senti que
a Olímpia foi um pouco deixada no esquecimento da história. Perguntei-me o que
lhe estaria a acontecer enquanto a Letícia lhe roubava o protagonismo. Não é um
reparo ou crítica negativa, mas apenas uma constatação. Com o decorrer da
leitura percebi apenas que era o meu lado sentimentalista que se perguntava por
ela.
Achei incríveis de tão realistas
as descrições dos espaços, das mentalidades e costumes. Também eu cresci num
aldeia como aquela que é palco deste livro. E é tal e qual. A integridade e
humildade de uns são rapidamente abafadas pela mente fechada, costumes
desgastados por um tempo injusto que já foi. Ou deveria ter ido e ainda
permanece.
A Letícia é uma mulher fictícia
com uma imensa força. Há muitas Letícias por aí. Vítimas da velha (mas sempre
recorrente) história do lobo que vestia pele de cordeiro e quase lhe destruiu a
vida. Quase. No fim de contas, isto é um romance!
Célia, confesso, que tenho
evitado ler os últimos excertos que tens publicado. Li os primeiros e fiquei
com uma terrível vontade de ler o teu próximo livro! Penso que já se percebeu
que sou fã da forma como escreves. Expões a história ao sabor de um jogo de
palavras, conceitos e sentimentos que simplesmente adoro.»
Obrigada também pela dedicatória.
Palavras tão simples mas que marcam a diferença. Como vês, apaixonei-me pela
história e mantenho contacto contigo!
Um grande beijinho;
Sofia»
7 - Ana Filipa Marques
«O rating que atribuí ao livro
não teve nada a ver com o facto de conhecer a escritora.
A história, por sua vez, teve a
capacidade de me transportar para todo aquele mundo imaginário/real com o qual
nos vamos deparando ao longo da mesma. A maneira como o percurso das diferentes
personagens vai sendo traçado, o desespero destas, a angústia e o sofrimento
com o qual nos cruzamos também nos sufoca a nós leitores.
É demasiado fácil criar uma
relação de amor/amizade com as personagens. Desde o mais novo ao mais velhinho,
passando pelo bom e pelo vilão, todas elas demonstram a sua subtileza, a sua
compaixão, o motivo pelo qual agem de certa maneira perante determinado
problema.
É extremamente importante que o
leitor, enquanto ser humano capaz de compreender todo o mundo e todas as
alternativas que tem ao seu dispor ao longo da vida, compreenda o porquê de
Letícia ter tomado alguma decisões no passado que irão de encontro à história
de vida de Olímpia, que sucumbirá num dos mais lamentáveis e incompreensíveis
desfechos.
O bom na história é que ao lê-la
é possível que captemos os cheiros daquela explêndida aldeia. No final irão ver
que foi tão bom simpatizar com todas aquelas mulheres e aqueles homens. Foi tão
bom compreender a Letícia e verter uma lágrima pela Olímpia. Melhor que tudo
isto será descobrir, no final, que afinal valeu a pena...que tudo vale a pena.
Que a vida é uma montanha russa na qual nos podemos perder e encontrar de
novo.»
8 - Vanessa (de) Campos
Sou uma leitora de 22 anos, razão
pela qual (penso eu) este género literário não é o que mais me estimula. Daí a
minha pontuação ser de 4 estrelas.
Em relação ao livro em si,
abstraindo-me dos meus gostos literários, penso que é um livro que realmente
nos transporta à pequena aldeia beirã, e que nos faz sentir um pouco do que as
personagens vão sentido ao longo do livro, tanto física como emocionalmente.
Também gostei particularmente das conclusões que se vão tirando ao longo do
livro, e de como as personagens vão evoluindo neste campo, pois não mostram ser
personagens estáticas, o que na minha opinião é bastante importante tanto na
literatura como no cinema (a existência de um arco de personagem).
Sobre a autora do livro, com 22
anos apenas, demonstra realmente alguma maturidade emocional pouco
característica desta idade. A forma como descreve situações tão delicadas e nos
transporta para lá, pondo-nos mesmo na situação/perspectiva das personagens sem
tomar um partido como único é espectacular e delicada, demonstrando um elevado
grau de maturidade neste aspecto.
É um livro que aconselho a ler,
especialmente a um público mais maduro que com certeza irá sentir o livro de
forma mais intensa.
Vanessa de Campos.
Entrevistas
1- Isabel Almeida,
Blogue: “Os Livros nossos”
«Sempre fiquei meio assombrada
por ver o modo como o ambiente condiciona crenças, modos de vida, costumes,
superstições, o próprio certo e o errado. Sempre lhes invejei a liberdade,
também. Aquelas pessoas estão cingidas a um pequeno espaço, que assume assim a
dimensão do mundo inteiro, e circulam nele como se circulava quase há séculos
atrás.»
2 - Sofia Teixeira
Blogue “Morrighan”
«Quais as tuas influências?
Nenhumas. De todas as vezes que
quis aplicar «influências» nos meus enredos, desisti e apaguei tudo. Não sou a
Isabel Allende nem a Joanne Harris, por muito que as admire. A cada vez que
quis pôr um espectro a atravessar uma sala dei-me conta disso.»
3 - Andreia Ferreira (autora de
“Soberba Escuridão”),
Blogue: “D311nh4”
«De onde surgiu a ideia para
esta história?
Não partiu de nenhuma experiência
pessoal ou próxima de violência doméstica, mas talvez da minha veia feminista e
de considerar um ultraje que os homens se prestem a esse papel de monstros.
Creio que, embora actualmente também já existam homens vítimas do mesmo mal,
sendo a mulher a vítima é pior ainda porque estamos perante uma situação em que
a força dela é subjugada.»
4 - Cristina
Blogue: O tempo entre os meus
livros
«Fala-nos do teu livro:
Quis que ambas as personagens
fossem protagonistas de uma história de sobrevivência, que as suas essências coincidissem
nesse ponto e fossem motivo de incompreensão mútua. Quis valer-me da ironia da
vida, do destino, dos caminhos que parecem despregados e que se entrelaçam e
fazem sentido em situações impensadas. Quis incluir um pouco do improvável
neste enredo realista. Creio que os acontecimentos retratados são familiares a
muitos portugueses.»
5- Sara Baptista
Blogue: Espectacular’te
Peço desculpa se me estou a esquecer de alguém, acuse-se!
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