domingo, 20 de maio de 2012

»mais duas opiniões sobre o «Demência»

20 Maio 2012 - Margarida Costa - 5 (em 5)


Acabei de ler o livro e estou absolutamente encantada!

Nunca pensei dar a minha opinião sobre um livro publicamente. Não sou crítica literária, sou apenas uma leitora que gosta de bons livros. Por norma apenas partilho a minha opinião com as pessoas mais chegadas e a quem gosto de “tentar” com as minhas leituras, para depois partilharmos pensamentos, sensações e até talvez criticas, mas nunca me atrevi a fazê-lo publicamente.

Este caso foi diferente! As emoções ao ler o livro foram tão intensas que senti que tinha de dizer alguma coisa.

Gosto muito de autores portugueses! Gosto de “estórias” sobre este nosso cantinho e tenho sempre curiosidade em conhecer os nossos novos autores.
Ao ler a sinopse fiquei conquistada. Talvez pelo facto de referir uma aldeia beirã e as minhas raízes virem de uma! Ou pelo tema ou talvez apenas curiosidade por ser uma autora tão jovem e portuguesa. Não sei, conquistou-me e não descansei enquanto não consegui o livro, o que aconteceu exactamente através da autora, com quem troquei alguns e-mail e cuja personalidade naquelas poucas palavras me fascinou. E não me enganei! Ela é fascinante.
Assim que comecei a ler o livro, confirmou-se uma boa escolha! É um livro com bastante ritmo, que nos prende desde a primeira frase e que se torna difícil de pousar. Uma história arrebatadora!
Os temas que escolheu são ambiciosos por dolorosos e difíceis, infelizmente reais mas a autora não teve medo de lhes pegar e trabalhou-os com uma maturidade que nos espanta numa pessoa tão jovem. Mostrou um conhecimento profundo do Mal e da alma humana e do Mundo, que gente bastante mais velha não possui.
A escrita é acessível e fluída, arrebatadora mas também profunda e nota-se que foi crescendo ao longo do livro. Gostei e tive dificuldades em “livrar-me” dele depois de lido, é tão intenso que permanece em nós mesmo depois de terminado, e talvez por isso sentisse necessidade de falar sobre ele, tinha de o “expulsar”.
No final da leitura fica a sensação que somos amigos, vizinhos ou simples conhecidos das personagens e que gostaríamos de continuar com elas, é difícil despedirmo-nos…
São personagens fortes com uma grande carga psicológica intensa, que ao longo do livro nos emocionam, nos revoltam, que nos fazem ter vontade de interferir, que nos fazem “torcer” por elas. Os “recadinhos” de Olímpia a ela própria são enternecedores, e fazem-nos pensar como deve ser desesperante não conseguir lembrar. Luz e Maria são as filhas que todos gostaríamos de ter, embora ache que pelo menos a Luz podia ter tido um papel mais relevante. A força e a coragem de Letícia impõem-se no decurso da trama e emocionam-nos ainda que por vezes nos revolte a falta de reacção perante o que pensam dela e não reaja perante tanta injustiça, mas é um romance e não a vida real.
As personagens masculinas principais, Sebastião e Gabriel, embora de gerações diferentes, são movidas pelos mesmos sentimentos: amizade, amor, e acima de tudo a necessidade de proteger as mulheres que de uma forma ou outra fazem e fizeram sempre parte da sua vida, são personagens muito ricas. Acho que o Sebastião podia ter sido um pouco mais explorado e ter tido um papel mais activo.
Não vou obviamente contar a história. Essa terá de ser uma experiência pessoal, mas digo: vale a pena. É uma história sobre o nosso tempo, mas é também intemporal. É uma história sobre sentimentos, emoções, lutas interiores, mas é também uma história sobre o nosso Portugal interior com grande riqueza de pormenores, com cor, com cheiros…
A Célia tem talento, na minha humilde opinião muito talento! Tenho a certeza que virá a ser um grande nome no panorama literário português. Leiam este “Demência” e compreenderão o que digo. Eu já o fiz e já espero ansiosamente o próximo livro.
Obrigada Célia. Continue sempre e sempre igual a si própria.
Parabéns.

(quase chorei, Margarida, obrigada!!!)

16 de Maio 2012 - Susana Cardoso - 3,5 (em 5)

Este é um livro de leitura bastante acessível. Que retrata temas muito actuais e que deveriam ser discutidos com mais frequência. Um livro com personagens envolventes e um ritmo constante e agradável. A Célia é uma escritora promissora, e sendo este o seu início de carreira, estou certa de que, se ela realmente optar pela escrita ao longo da vida, terá sucesso junto do público, principalmente feminino.
Toda a evolução temporal é bastante coerente. Não denotei nenhuma falha, e está em completa concordância com a realidade (21 de Dezembro de 1945 foi, de facto, uma Sexta-feira)
Outro ponto bastante positivo, pelo menos na minha opinião, é que o livro não foi escrito obedecendo ao Acordo Ortográfico de 1990. 
Na minha opinião, as duas histórias principais deste livro competem uma com a outra pela intensidade e, julgando pelo título do livro, pensei que se centrasse mais sobre uma delas. Tenho pena que assim não tenha sido. A autora decidiu conferir maior intensidade ao romance do que própriamente à doença mental, o que tenho a certeza cativará mais público.
Ao longo da leitura, apercebi-me de algumas falhas gramaticais, ou de escolhas de um ou outro vocábulo menos felizes, mas nada que o treino não resolva.
No geral, é um bom trabalho, mas com possibilidade de melhorar a nível técnico (uso de mais figuras de estilo, vocabulário mais abrangente). Uma excelente escolha para uma leitura de férias.

(Obrigada Susana, especialmente pelo trabalho de análise profunda à obra que me enviou por e-mail!)

Obrigada às duas e a todos os outros leitores :)

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